Por Jan Strupczewski e Claire Davenport
BRUXELAS, 23 Mai (Reuters) – Autoridades da zona do euro avisaram membros do bloco da moeda única para prepararem planos de contingência na eventualidade de a Grécia deixar o bloco, uma possibilidade que o banco central da Alemanha disse que seria “controlável”.
Três autoridades disseram à Reuters que a instrução foi acordada na segunda-feira durante teleconferência da Equipe de Trabalho do Eurogrupo -especialistas que trabalham para os ministros das Finanças do bloco.
Além da confirmação de três autoridades da zona do euro, a Reuters viu um rascunho elaborado por um membro detalhando alguns elementos que os países da zona do euro devem considerar.
“A Equipe de Trabalho do Eurogrupo concordou que cada país da zona do euro deve preparar um plano de contingência, individualmente, para as consequências potenciais de uma saída da Grécia do euro”, disse uma autoridade da zona do euro.
“Nada foi preparado até agora em nível de zona do euro, por temores de vazamento”, completou a autoridade.
O Ministério das Finanças grego negou em comunicado que tenha havido um acordo para a preparação de planos de contingência.
“O Ministério das Finanças nega categoricamente as notícias segundo as quais (…) foi acordado, durante a teleconferência da Equipe de Trabalho do Eurogrupo em 21 de maio de 2012, que cada país da zona do euro deve preparar planos de contingência para as potenciais consequências de uma saída da República Helênica da área de meda comuum”, disse o comunicado.
A notícia surge em um momento altamente sensível, no dia em que líderes da União Europeia (UE) se reúnem para discutir suas economias em uma cúpula nesta quarta-feira.
Embora as atenções voltem-se para a perspectiva de a Grécia deixar o euro, desacordos sobre um plano para emissão conjunta de eurobônus e outras medidas para combater dois anos de problemas com a dívida já foram evidenciados.
Em seu relatório mensal, o banco central da Alemanha disse que a situação na Grécia é “extremamente preocupante” e que está prejudicando qualquer outra ajuda financeira ao ameaçar não implementar reformas acordadas como parte de seus dois planos de resgate.
O banco disse que uma saída do euro apresentaria desafios “consideráveis mas controláveis” para seus parceiros europeus, ampliando a pressão sobre Atenas para manter suas reformas econômicas na linha.
Autoridades gregas já disseram que, sem os fundos externos, o país ficará sem dinheiro dentro de dois meses.
Apesar de temores de que os gregos podem abrir a porta de saída se votarem em partidos anti-resgate na eleição de 17 de junho, a Espanha, onde a economia está em recessão e o sistema bancário precisa de reestruturação, está na linha de frente da crise, com crescentes preocupações de que também pode precisar de um resgate.
ADEUS DE 50 BILHÕES DE EUROS?
O documento visto pela Reuters detalhava os custos potenciais para Estados-membros individualmente a partir de uma saída da Grécia e informava que se isso acontecesse, um “divórcio amigável” deve ser buscado.
O documento dizia ainda que se a Grécia decidisse deixar o euro, a UE e o Fundo Monetário Internacional (FMI) poderiam dar 50 bilhões de euros para facilitar o caminho.
Além disso, o documento dizia que Atenas teria de arcar com custos enormes se decidisse abandonar a moeda, enquanto outros países da zona do euro teriam gastos mais limitados.
Mas o documento informava que o risco de efeitos em cadeia que poderiam atingir outros países da zona do euro sob o escrutínio do mercado era subestimado. “Os mercados vão definitivamente desconfiar do euro”, anunciou o documento.
Até agora, a zona do euro desembolsou 38,4 bilhões de euros com o segundo programa de resgate para a Grécia.