UE revela plano para evitar que cidadãos paguem por crises bancárias
Novo plano de resgate a bancos tem como objetivo impedir colapsos futuros e é primeiro passo para união bancária
A Comissão Europeia apresentou nesta terça-feira o plano de resgate para os bancos, considerado o primeiro passo para o projeto de união bancária – o que evitará que as futuras crises sejam solucionadas com resgates públicos (que já custaram aos contribuintes europeus bilhões de euros). Os investidores e credores ficarão responsáveis por assumir uma eventual falência ou resgate de banco.
“Os bancos devem pagar pelos bancos. Não queremos que os contribuintes paguem as faturas das crises financeiras”, disse o comissário europeu do Mercado Interno, Michel Barnier, no momento em que a situação dos bancos da Espanha centra todas as preocupações. “Queremos evitar as crises bancárias. Não queremos utilizar mais o dinheiro público para resgatar bancos”, completou. “O objetivo é que cada um (dos investidores e credores) assuma seus riscos”.
De todas as maneiras, o plano não foi elaborado para solucionar os problemas atuais, lembrou Barnier. “O objetivo é evitar os danos de outras crises financeiras no futuro”, concluiu.
Nas últimas semanas, os mercados financeiros aumentaram a pressão sobre Espanha. Após o resgate histórico de 23,5 bilhões de euros solicitado em maio pelo Bankia, terceiro maior banco do país em ativos, os investidores temem que a quarta economia da zona do euro não pode fazer frente às exigências financeiras de seu sistema bancário.
Contudo, ainda que seja colocado o primeiro grão de areia por uma união bancária europeia, o plano da CE não prevê um fundo comum de depósitos para todos os Estados membros que permita entre outras coisas, resgatar as entidades à beira da quebra. A proposta está inserida na criação de fundos nacionais que, caso necessário, terão a obrigação de se ajudarem entre si ante problemas bancários transfronteriços, o que prevê um avanço para o projeto de união bancária.
Nos últimos meses, a crise financeira europeia tem estendido seus danos colaterais e a cada dia que passa, aumentam-se os problemas do setor financeiro na Europa. Os bancos europeus já não se emprestam dinheiro entre eles, o que provoca falta de liquidez e freia a livre circulação de capitais, um dos princípios da união monetária.
Bruxelas propõe critérios comuns no desenho do saneamento bancário, com as mesmas medidas preventivas e de emergência, como a identificação e isolamento dos ativos de má qualidade (tóxicos).
A proposta da CE de “recuperação e resolução” bancária se baseia em três fases: “a primeira etapa é a prevenção, a segunda a intervenção com medidas que podem ser duras, mas necessárias”. Contudo, se for necessário, se passará à terceira fase de “resolução com vários instrumentos”, entre eles a separação de ativos, o “bail-in” o “princípio do que os bancos paguem pelos bancos”.
(com agência France-Presse)