Produção industrial cai 0,7% em novembro
Em comparação ao mesmo mês no ano passado, a atividade fabril recuou 5,8%
A indústria não conseguiu se recuperar no fim do ano e registrou queda de 0,7% em sua produção na comparação com outubro. O dado já está livre de influências sazonais. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em relação a novembro de 2013, houve redução de 5,8%, a 9ª taxa negativa consecutiva nesse tipo de comparação. A expectativa de analistas ouvidos pela Reuters era de que a produção crescesse 0,5% em novembro sobre outubro e marcasse queda de 4% ante novembro de 2013.
O instituto revisou ainda o dado da produção industrial do mês de outubro ante setembro, que passou de estabilidade (0,0%) para alta de 0,1%. A taxa de setembro ante agosto também foi revista, de queda de 0,2% para recuo de 0,3%; a de julho ante junho passou de alta de 0,6% para 1,0%; e a de junho ante maio saiu de queda de 1,4% para retração de 1,7%.
Os números mostram claramente que o ano foi ruim para o setor. No acumulado de 11 meses até novembro, a produção do país despencou 3,2%. Mas, a expectativa de economistas ouvidos pelo Banco Central para o relatório Focus é que a atividade termine 2014 com queda de 2,49% na produção, projetando uma melhora, ainda que pequena, em dezembro. Para 2015 a expectativa ainda é de aumento da produção, na ordem de 1,04%.
Refletindo a baixa perspectiva de melhora, desde o ano passado diversas montadoras anunciaram corte de custos. A Peugeot-Citroen desligou 650 funcionários em sua planta de Porto Real (RJ); a fabricante de caminhões Volvo, de Curitiba (PR), demitiu 260 trabalhadores; e a General Motors chegou a fechar sua fábrica em São José dos Campos (SP). Nesta semana, a Volkswagem demitiu mais de 800 pessoas e a Mercedes-Benz outras 260, levando os trabalhadores que restaram a entrar em greve.
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Ainda de acordo com o IBGE, a produção de Bens de Consumo Duráveis recuou 2,1% em novembro sobre o mês anterior, chegando a uma queda de 11% na comparação com um ano antes. Já os Bens de Consumo Semiduráveis e não Duráveis tiveram perda de 1,3% sobre outubro, com queda de 3,1% na base anual. Somente a produção Bens Intermediários não teve queda no mês, mas ficou estagnada. Na comparação anual, porém, registrou queda de 5,8%.
Dos 24 ramos pesquisados, 11 mostraram queda em novembro sobre outubro, sendo o principal impacto negativo registrado por produtos alimentícios, com recuo de 3,4%.
A indústria tem se mostrado um dos principais pontos de fraqueza da economia brasileira, que não vem conseguindo deslanchar em um ambiente de inflação e juros elevados, encarecendo o custo dos empréstimos.
(Com agência Reuters)