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Primavera começa com mercado de flores em baixa

Crise econômica, Copa do Mundo e falta de água estão entre os principais fatores que contribuíram para a desaceleração das vendas no país

Por Marília Carrera
23 set 2014, 06h45

A primavera teve início às 23 horas de segunda-feira e deve ser uma das mais secas dos últimos anos, segundo perspectivas meteorológicas do Climatempo. Mas a falta de água está longe de ser a questão que mais traz preocupação aos floricultores. A desaceleração econômica também conta como grande algoz das astromélias, lírios e rosas da estação.

A indústria brasileira de flores se esforça para reverter a queda do movimento nas lojas e encerrar mais um ano com crescimento acima da média nacional. Estimativas do Instituto Brasileiro de Floricultura (Ibraflor) mostram que o setor deverá crescer entre 8% e 10% e movimentar cerca de 5,7 bilhões de reais em 2014, abaixo da média dos anos anteriores de expansão entre 8% e 15% em volume e entre 15% e 17% em receita. “O ano está sendo atípico e difícil para o setor. O Dia da Mulher caiu em um dia da semana que não favoreceu a venda de flores. A Copa do Mundo dispersou o consumidor, o que acabou adiando eventos e, consequentemente, repercutindo na compra de nossos produtos. Não bastasse isso, a falta de água tem prejudicado os produtores”, diz o gerente de marketing do grupo produtor de flores Terra Viva, Carlos Gouveia.

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Com a economia em baixa e o aumento das dívidas, os brasileiros estão menos dispostos a presentear, decorar a casa ou comprar arranjos para festas e eventos. “Com a queda do poder aquisitivo e o aumento das dívidas, as pessoas deixam de consumir flores e realizar eventos com muita frequência”, explica Gouveia. A economia brasileira entrou em recessão técnica, caracterizada por dois trimestres consecutivos de contração. O Produto Interno Bruto (PIB) recuou 0,6% no segundo trimestre, enquanto o resultado do primeiro trimestre foi revisado para variação negativa de 0,2%.

Além da redução do número de dias úteis com o mundial de futebol e o fraco desempenho da economia, a indústria brasileira de flores enfrenta gargalos logísticos e legislativos que dificultam o escoamento da produção e comprometem a competitividade do setor no cenário internacional. “Os principais problemas são de estrutura logística, como a situação das estradas, as barreiras interestaduais e a falta de caminhões refrigerados para transportar os produtos”, afirma o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Flores e Plantas Ornamentais, Renato Optiz. A legislação brasileira para importação e exportação também é custosa, burocrática e demorada, o que atravanca novos investimentos e abertura de novas oportunidades no setor. Com isso, a produção de flores no Brasil é quase que inteiramente voltada para mercado interno.

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Dados do Ibraflor referentes ao ano passado mostram que o Brasil possui pouco mais de com 8 mil produtores de flores e plantas, que cultivam mais de 350 espécies com cerca de três mil variedades. O setor é responsável por 206 mil empregos diretos, sendo 102 mil (49,5%) na área de produção, 82 mil (39,7%) na área de varejo, 6,4 mil (3,1%) na área de distribuição, e 15.600 (7,7%) em outras áreas. São Paulo também é o principal Estado produtor e consumidor de flores do país, com 70% da produção e 40% das vendas. “São Paulo é maior produtor por uma razão histórica. O Estado recebeu imigrantes holandeses e japonese que tinham o costume de cultivar flores. Um bom mercado de consumo também faz com que a produção e comercialização de flores alavanquem. Já o poder aquisitivo da população e a proximidade entre os pontos de produção e os pontos de venda, que faz com que o produto chegue mais barato e mais rápido ao consumidor, favoreceram o consumo na região”, lembra Optiz.

Favoritas – Rosas, orquídeas, crisântemos, kalanchoes e lírios são algumas das flores mais vendidas em volume no país, de acordo com Gouveia e Optiz. Mas as rosas ainda são a opção preferida dos consumidores brasileiros. “A rosa na verdade é a flor mais vendida no Brasil e no mundo inteiro. É uma combinação de fatores. Ela possui um grande leque de cores e perfumes, além da beleza e formato atraente”, diz Optiz. “As orquídeas ganharam destaque nos últimos devido a sua durabilidade, que pode variar de três a quatro meses sem muitos cuidados. Antigamente as orquídeas também eram muito caras, mas o aumento da produção acabou tornando-as mais populares e facilitando a sua disseminação”, acrescenta Optiz.

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