Mesmo com intervenção do BC, dólar encerra no maior nível em quatro anos
Moeda teve alta de 1,75% e fechou em R$ 2,1470, maior patamar desde 5 de maio de 2009
O Banco Central (BC) finalmente interveio no câmbio. Após o dólar escalar o patamar de 2 reais para perto de 2,15 reais durante o mês de maio, a autoridade monetária fez nesta sexta-feira um leilão de swap cambial tradicional (equivalente à venda de dólares no mercado futuro). Assim, o dólar desacelerou momentaneamente os ganhos ante o real no mercado, mas ainda fechou em alta de 1,75%, cotado a 2,1470 reais. Este é o maior patamar de fechamento desde 5 de maio de 2009, quando terminou a 2,1480 reais.
Para analistas, ainda é cedo para afirmar que o BC estabeleceu um novo teto para a moeda, em 2,15 reais, mas parece claro que há um desconforto em relação a esse nível, considerando o atual cenário para a inflação. Em maio, a moeda norte-americana acumulou valorização de 7,04% frente ao real. Foi a maior alta mensal desde setembro de 2011, quando o ganho ficou em 18,15%. “Não dá para afirmar nada, porque hoje a liquidez foi baixa. O BC pode entrar de novo a qualquer momento no mercado, não dá para saber”, comentou um operador da mesa de câmbio de um grande banco.
Na cotação mínima de hoje, verificada às 9h32, a moeda marcou 2,1200 reais, alta de 0,47% em relação ao pregão anterior. Pela manhã, perto das 11 horas, a moeda chegou a ser cotada a 2,1460 reais (desvalorização de 1,71% frente ao dólar), o que fez o BC entrar em ação para reduzir a aceleração do câmbio. A última vez que a autoridade monetária interveio no mercado de câmbio foi no final de março deste ano, quando o dólar se aproximava de 2,03 reais.
A primeira interferência do BC aconteceu em um dia com giro financeiro considerado baixo. Nesta sexta-feira, o valor movimentado na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) foi de 1,447 bilhão de dólares.
A autoridade monetária fez uma consulta de demanda sobre a venda de dólares no mercado futuro – o que já desacelerou a alta – e, perto das 12h30, anunciou um leilão de 30 mil contratos de swap tradicional com vencimento no dia 1° de julho. O BC vendeu 17,6 mil contratos, o equivalente a 876,7 milhões de dólares.
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Câmbio volta a ser alvo de intervencionismo do governo
A venda de dólares aumenta a oferta pela moeda norte-americana, e com mais dólares no mercado, ocorre uma desvalorização. As bolsas de valores de todo o mundo estão reagindo à possibilidade de o Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, reduzir o lançamento de dólares na economia dos Estados Unidos. Com menos dólares no mercado, a moeda norte-americana se valorizaria – o que enfraquece as moedas dos outros países.
Com a interferência do BC, o dólar chegou a ser cotado a 2,1520 reais no fim do pregão, mas voltou para o patamar de 2,14 reais antes do fechamento do mercado.
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(com Estadão Conteúdo e agência Reuters)