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Livre-se da armadilha dos supérfluos

Saiba detectar, em seu orçamento, quais são os gastos desnecessários que podem ser cortados ou reduzidos

Por Ana Clara Costa
7 jan 2011, 07h44

A expansão do crédito e do emprego tornou o supérfluo mais acessível; porém, não menos perigoso

Itens de entretenimento e fotografia, como TVs de LCD, aparelhos de Blu-ray e câmeras digitais dominaram as preferências dos consumidores no Natal. Segundo dados do Programa de Administração de Varejo (Provar), as vendas destes produtos cresceram 14% em 2010. Por um lado, a notícia é digna de comemoração por ser reveladora da democratização do consumo no país, derivada do desenvolvimento econômico e das facilidades do mercado de crédito. Por outro, lança um questionamento, principalmente àqueles que querem colocar as finanças em dia, sobre a real necessidade de adquirir estes bens. Para os especialistas, estas despesas são consideradas, em muitos casos, supérfluas, ou seja, não atendem a uma necessidade real do comprador e poderiam evitadas sem grande prejuízo. Estes gastos, não raro, vão muito além das parcelas de financiamento para envolver pequenas despesas do dia-a-dia, que passam desapercebidas pelas pessoas – pelo menos até o momento em que levantam o saldo num terminal bancário.

A expansão do crédito e do emprego tornou o supérfluo mais acessível, porém, não menos perigoso. O alerta é da economista Ana Caroline Fernandes, do Provar. Para ela, a nova classe média é uma das mais suscetíveis a perder o controle ante os apelos consumistas. “A ampliação do poder de consumo deixou as pessoas com o lado aspiracional muito aflorado, o que aumenta a vontade de consumir”, diz.

Dívida desnecessária – De fato, brasileiros de todas as classes sociais, fascinados por novidades, não hesitam em fazer dívida para levar para casa alguns objetos de desejo. Se, há alguns anos, um consumidor trocou sua TV de 20 ou 29 polegadas por uma de 34, hoje não admite ter em casa um aparelho que não seja de LCD. Com uma TV melhor, cria-se a ‘necessidade’ de um tocador de Blu-ray, e assim sucessivamente. De parcela em parcela, o orçamento vai sendo consumido pelos empréstimos – sem contar no limite de crédito que vai minguando e deixa de ser uma opção para os momentos de real necessidade.

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“As primeiras perguntas que todo consumidor deve fazer a si mesmo diante da oportunidade de consumo são: ‘Eu preciso disso? Eu quero?”, alerta o professor de Finanças da FGV, Fábio Gallo. Se a resposta for ‘eu quero’, a solução é analisar o saldo e verificar se existe disponibilidade financeira para efetuar a compra. “A pessoa deve encaixar aquele gasto supérfluo em seu orçamento. Se não houver disponibilidade, ele não deve ser realizado”, diz o professor. Mesmo sem dinheiro de imediato, se a resposta for ‘eu, de fato, preciso’, Gallo explica que o passo seguinte é verificar o que pode ser cortado do orçamento para acomodar uma nova parcela de financiamento. Endividar-se para comprar bens desnecessários, na avaliação de Gallo, é uma atitude irresponsável.

‘O supérfluo nosso de cada dia’ – Quando as pessoas encontram-se pressionadas por financiamentos e têm de cortar gastos supérfluos, muitas têm dificuldade em selecionar o que, de fato, é desnecessário. Despesas com alimentação, contas de serviços básicos (aluguel, luz, telefone, saúde, condomínio, etc) e amortização de dívida são essenciais e devem ser pagas em dia. Já os gastos chamados de ‘contornáveis’ são aqueles associados a conforto e bem-estar, mas que podem ser cortados em uma emergência, como jantares e noitadas em danceterias. Por fim, as despesas consideradas ‘supérfluas’ ou ‘desnecessárias’ têm de tudo um pouco: bens de valor agregado voltados ao entretenimento, compras constantes de vestuário, brinquedos e viagens, entre muitos outros objetos de consumo. A indicação, em grande parte dos casos, é segurar o ímpeto e pensar nas contas. “Separar os gastos entre o que é necessário e o que é dispensável certamente ajuda a resolver essa equação”, diz Fábio Gallo.

O professor de finanças pessoais do Insper, George Ohanian, dá um dica de como identificar os pequenos dispêndios do cotidiano que, pouco a pouco, pesam no bolso. Ele aconselha as pessoas a guardar os comprovantes dos cartões de débito e anotar os saques nos caixas eletrônicos. Ao somar tudo, Ohanian garante que muita gente vai se surpreender: “É surpreendente como descobrimos que grande parte de nossos gastos é composta de supérfluos ou substituíveis”, conclui.

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