Juro do cheque especial é o maior em quase 18 anos
Segundo BC, mercado de crédito está mais caro para consumidor e isso já respinga na inadimplência
Os juros do cheque especial para pessoas físicas bateram novo recorde em janeiro: subiram para 208,7% no ano, recorde em quase 18 anos. A maior taxa até agora era a de abril de 1996, quando bateu 212,2% ao ano.
Em janeiro do ano passado a taxa ficou em 154,1%, ou seja, em 12 meses houve um aumento de 54,6 pontos porcentuais (p.p.). Os números são de crédito no segmento de recursos livres, que, ao contrário do direcionado, não têm destino específico.
Spread bancário
É a diferença entre o custo desembolsado pelos bancos para captar dinheiro e o custo para quem o toma emprestado.
Mas não foram apenas os juros do cheque especial que subiram em janeiro. Segundo a Nota de Política Monetária do Banco Central (BC), divulgada nesta quarta-feira, em ambiente de maior aperto monetário para o controle da inflação, os bancos aumentaram também os juros de crédito pessoal (consignado e não consignado) de 45% para 45,7% entre dezembro e janeiro. O não consignado saltou de 101,9% para 107,4% no mesmo período.
Considerando a taxa média de juros de todo o segmento de recursos livres, janeiro fechou em 39,4%, superior aos 37,6% em dezembro. No crédito total, considerando também os recursos direcionados, como os créditos imobiliário e rural, os juros ficaram em 25,1% no mês passado, maior que os 23,9% apurados no mês anterior.
Em janeiro, o spread bancário no segmento de recursos livres (pessoas físicas e jurídicas) passou de 25,6% para 27,5 pontos porcentuais. Com a inclusão do segmento direcionado, o spread total ficou em 16,2 pontos porcentuais, superior aos 15,1 p.p. vistos em dezembro.
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Os juros altos acabam impactando na capacidade dos consumidores de pagar sua dívidas. Segundo o BC, os calotes de dívida de pessoas físicas na modalidade de recursos livres subiram de 4,9% em dezembro para 5% em janeiro. Considerando nesta conta as pessoas jurídicas, a inadimplência de recursos livres passou de 4,4% para 4,5% no mesmo período. Acrescentando ainda os recursos direcionados, os calotes também aumentaram, de 2,8% para 2,9%.
O BC informou ainda que o estoque total de crédito no Brasil caiu 0,2% no mês passado, chegando a 3,013 trilhões de reais, ou 58,5% do Produto Interno Bruto (PIB).
As concessões de crédito no segmento de recursos livres apresentaram baixa de 18,5% em janeiro na comparação mensal. O movimento é natural em um mês de tradicional desaceleração na demanda por empréstimos e financiamentos.
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Além da sazonalidade para o período, os indicadores de crédito seguem influenciados pela alta dos juros básicos, iniciada pela autoridade monetária em outubro para conter o aumento da inflação e também pelo esfriamento da atividade econômica.
Em mais uma etapa do aperto monetário, em janeiro o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou em 0,5 ponto porcentual a taxa Selic, a 12,25% ao ano. A expectativa do mercado é de nova alta na quarta-feira da próxima semana, quando o comitê volta a se reunir.
(Com agência Reuters)