G20 aprova um acordo ‘histórico’ sobre os preços agrícolas
Texto de 26 páginas define medidas para tentar diminuir variação dos preços
Robert Zoellick avisa que o acordo não será suficiente para impedir as variações dos preços, mas garante que elas “serão mais suaves”
As vinte economias mais poderosas do planeta chegaram a um acordo sobre um plano de ação para lutar contra a volatilidade dos preços agrícolas. O pacto foi fechado nesta quinta-feira, em Paris, no fim do encontro de ministros da Agricultura do G20, reunidos pela primeira vez no clube das maiores economias desenvolvidas e emergentes. O acordo foi anunciado pelo ministro francês da Agricultura, Bruno Le Maire, o anfitrião do encontro. “Hoje é um grande dia”, comemorou. De acordo com Le Maire, os países do G20 chegaram a um “acordo histórico” sobre como proceder para reduzir a variação dos preços.
O plano de ação acordado pelos ministros, que possui 26 páginas, inclui vários objetivos prioritários, como melhorar a produção e a produtividade da agricultura, reforçar a informação e a transparência do mercado e aperfeiçoar a coordenação política internacional para melhorar a confiança dos mercados internacionais – evitando, assim, as crises alimentares. Além disso, os ministros se comprometeram a reforçar as ferramentas de gestão para limitar os riscos oriundos da volatilidade dos preços, em particular nos países mais pobres, e a melhorar o funcionamento dos mercados derivados de matérias primas.
Como resultado, os líderes esperam reduzir os efeitos da volatilidade de preços de produtos mais vulneráveis e formar reservas financeiras para facilitar o acesso ao crédito agrícola, por meio do Banco Mundial. “Essa base de atuação tem o objetivo de encorajar os países a compartilhar seus dados e a melhorar os sistemas de informação existentes, sem que isso represente, ao mesmo tempo, uma medida coerciva”, afirmou o diretor-geral da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Jacques Diouf.
“A aplicação deste acordo começa hoje. Espero que os efeitos venham o mais rápido possível”, disse Le Maire. O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, reconhece que o acordo não será suficiente para impedir as variações dos preços, mas garante que, a partir de agora, elas “serão mais suaves”. No entanto, na avaliação de Le Marie, mesmo com suas limitações, o acordo se mostrou um sucesso. “Se não houvesse um acordo entre os ministros da agricultura, não haveria nada. Esse acordo é uma primeira etapa”, disse o ministro em resposta aos críticos da especulação financeira em cima dos preços dos alimentos, que afirmaram esperar mais determinação dos líderes nesse ponto.
O secretário de Agricultura americano, Tom Vilsack, também elogiou o pacto obtido pelos ministros do G20. “O consenso obtido hoje representa uma união histórica para combater os desafios crescentes da fome e da volatilidade nos preços dos alimentos”, disse o americano num comunicado ao término da reunião.
As expectativas no começo da reunião eram baixas, já que a versão original do plano proposto pela França, que preside atualmente o G20, não agradava a todos os países do grupo, que representam 77% do total da produção mundial de cereais e 80% do comércio global de produtos agrícolas. Ainda assim, os franceses insistiram na adoção das medidas. Ao abrir o encontro, na noite de quarta-feira, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, disse que a adoção do plano permitiria “garantir a segurança alimentar no mundo” e “mudar a vida de bilhões de agricultores”. “Um mercado sem regras não é um mercado, e sim uma loteria.”
(Com agência France-Presse)