G20: antes da briga, promessas de diálogo dos gigantes
Protagonistas da guerra cambial, o americano Obama e o chinês Hu prometem cooperação - mas é improvável que se entendam na aguardada cúpula em Seul
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse nesta quinta-feira, no começo de uma reunião bilateral com seu colega chinês, Hu Jintao, que as duas principais economias do mundo têm a obrigação de buscar “um equilíbrio firme e um crescimento sustentado”. Em tempos de guerra cambial, os chefes de estado se reuniram pouco antes da abertura da cúpula do Grupo dos Vinte (G20, que reúne os países ricos e os principais emergentes), em Seul.
Obama disse que as duas potências mundiais fortaleceram seus laços nos últimos anos e lembrou que os países também têm “obrigações especiais” de garantir a estabilidade nuclear. O presidente chinês, por sua vez, expressou a vontade de “fortalecer o diálogo e a cooperação” com os EUA. “Uma relação sólida com os EUA é boa para o povo chinês e para a paz e a prosperidade”, acrescentou Hu, no sétimo encontro bilateral entre eles.
Apesar do tom de conciliação dos discursos e das promessas de cooperação, a conversa antecede uma batalha: os representantes de Washington e Pequim deverão protagonizar um enfrentamento durante a cúpula do G20, já que não estão de acordo em relação às suas políticas monetárias e os desequilíbrios nas balanças por conta corrente. Washington considera que a moeda chinesa, o yuan, é desvalorizada artificialmente e quer que Pequim permita uma oscilação mais livre.
Os Estados Unidos alegam que a medida prejudica injustamente suas exportações. Enquanto isso, a China resiste em liberar a cotação de sua moeda de modo mais rápido por temer o efeito que isso possa ter em suas exportações e na inflação. Pequim criticou com dureza a decisão do Federal Reserve (Fed, o Banco Central) de injetar 600 bilhões de dólares na economia americana, já que isso desvalorizaria o dólar e prejudicaria as exportações de outros países.
A China também resiste em limitar seu superávit em conta corrente a 4% do Produto Interno Bruto, como o proposto pelos EUA. No importante encontro desta quinta, os dois líderes tratariam ainda de assuntos como os direitos humanos na China, os programas nucleares da Coreia do Norte e do Irã, as eleições em Mianmar e o plebiscito de autodeterminação no sul do Sudão, previsto para janeiro. Tudo isso, é claro, deve ficar em segundo plano diante da guerra cambial.
(Com agência EFE)