Fatia do setor automobilístico no PIB cresce 45,6% em 11 anos
Participação das montadoras na economia brasileira passou de 12,5% em 2000 para 18,2% em 2011
Os incentivos do governo à indústria automobilística levaram ao crescimento do setor na última década. Mas os ganhos de produção das montadoras, beneficiadas por políticas específicas desde a década de 50, não se disseminaram pelo restante dos segmentos produtivos, de acordo com estudo feito a pedido do jornal Estado de S. Paulo divulgado nesta segunda-feira�.
De acordo com a pesquisa, a participação das montadoras no Produto Interno Bruto (PIB) da indústria saltou 45,6% em 11 anos, passando de uma fatia de 12,5%, em 2000, para 18,2%, em 2011. O estudo foi conduzido pela professora Nara Simone Roehe, especialista em políticas industriais para o setor automotivo e doutora pela PUC do Rio Grande do Sul.
O crescimento do peso da indústria automobilística põe lenha na fogueira do debate sobre as políticas industriais. Em março, ao anunciar a prorrogação do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), reduzido até o fim do ano, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, justificou os incentivos citando a importância da indústria automotiva. Levando em conta apenas a fabricação de veículos automotores – sem considerar toda a cadeia produtiva – o setor respondeu por 9,8% da produção industrial em 2012, contra 7,3% em 2003, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Por outro lado, setores como a indústria de transformação perderam terreno na participação do PIB: de 2000 a 2012, a indústria de transformação perdeu 15,1% de sua participação no PIB total. A fatia caiu de 17,2% para 14,6%, também de acordo com o IBGE.
Independentemente dos números, para a autora do estudo, os custos superaram os benefícios. “As políticas de hoje só incentivam o consumo e a montagem. É uma política horizontal, não existe nada vertical”, diz Nara Simone.
Indústria automobilística no Brasil – Opiniões à parte, a trajetória do setor automotivo se confunde com a própria industrialização do Brasil, na década de 1950. Até o fim daquela década, a indústria começaria a engatinhar com nove empresas, apenas três fabricando carros: as americanas General Motors (GM) e Ford e a alemã Volkswagen.
Como primeiro incentivo, em 1952, restrições à importação foram introduzidas progressivamente, incentivando a fabricação local. A proteção à indústria local, tradicionalmente, é o primeiro passo das políticas industriais – e, na visão dos críticos, deve sempre ser temporária. Quase 60 anos depois, em 2011, o governo elevou o IPI sobre carros importados em até 30 pontos porcentuais, atraindo críticas fora do setor automobilístico e dando munição para contestações de países como Estados Unidos, Japão e Coreia do Sul e da União Europeia, que poderão recorrer às instituições internacionais de comércio.
O caminho das políticas para a indústria automotiva, porém, teve altos e baixos. Após o impulso inicial nos anos 1950, nos anos 1960 e 1970 o setor seria mais beneficiado pelo boom generalizado do “milagre econômico” da ditadura. Na década de 1980, cairia no ostracismo da “década perdida”. Apenas com a estabilização dos anos 1990, o incentivo específico à indústria automotiva seria retomado, com foco na descentralização geográfica. Hoje, os polos automotivos espalharam-se por Rio Grande do Sul, Paraná, Sul Fluminense, Bahia e, mais recentemente, Pernambuco.
Segundo a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos AutomotoresAnfavea, entidade representante do setor, em 2012 o Brasil tem 53 fábricas de 26 montadoras, espalhadas por nove estados. Com 3,3 milhões de unidades produzidas no ano passado, o país é o sexto maior produtor do mundo.
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(com Estadão Conteúdo)