Em dia instável, dólar oscila e mercado testa BC
Moeda abriu em queda, chegou a avançar 1%, com investidores desafiando autoridade monetária a usar reservas internacionais, e depois voltou a cair
O dólar tem mais um dia de volatilidade nesta terça-feira. Abriu em queda, chegou a subir a quase 1%, mas agora voltou a cair. Por volta das 14h10, a divisa recuava a 0,5%, sendo negociada a 4,08 reais. Os altos e baixos da moeda americana refletem as incertezas dos agentes de mercado com o noticiário político e econômico do país. No radar, estão a reforma ministeria, os números das contas do governo de agosto e a análise dos itens da pauta-bomba pelo Congresso.
Os investidores também vêm tentando pressionar o Banco Central a atuar no mercado à vista, que exigiria o uso das reservas internacionais do país. Na mínima deste pregão, o dólar chegou a cair 0,86%, a 4,0741 reais, e na máxima, subiu 1,11%, a 4,1551 reais. Na sessão passada, subiu 3,37%, maior alta em quatro anos.
“Parece que o mercado de câmbio brasileiro não está aceitando mais do mesmo em relação aos leilões do BC e testa a autoridade monetária para algo mais vigoroso”, escreveu o operador da corretora Correparti Jefferson Luiz Rugik, em nota a clientes.
O BC vendeu nesta manhã a oferta total de até 20 mil novos swaps cambiais, que equivalem a venda futura de dólares e realizou leilão de venda de até 2 bilhões de dólares com compromisso de recompra. Além disso, fará aquele que deve ser o último dos leilões de swaps para rolagem do lote que vence em outubro, com oferta de até 9,45 mil contratos.
O BC e o Tesouro Nacional têm atuado em conjunto nos últimos dias para conter a intensa volatilidade que vem assolando os mercados locais. Preocupações com a possibilidade de o Brasil perder seu selo de bom pagador por outras agências de classificação de risco além da Standard & Poor’s (S&P) e com a instabilidade política no país vêm pressionando o humor.
Na semana passada, o presidente do BC, Alexandre Tombini, afirmou que “todos os instrumentos estão à disposição do BC”, mas até agora a autoridade monetária não atuou no mercado à vista usando as reservas internacionais. Segundo operadores, alguns agentes financeiros elevavam o dólar para tentar pressionar o BC a vender dólares no mercado à vista. “É um cabo de guerra. Ou o mercado se cansa de bater ou o BC desiste de proteger as reservas”, resumiu o gestor de um banco internacional, sob condição de anonimato.
No campo externo, a perspectiva de altas de juros nos Estados Unidos ainda neste ano e com a desaceleração do crescimento econômico da China também têm contribuído para o avanço da moeda americana.
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(Com agência Reuters)