A rápida escalada do dólar elevou a dívida das empresas em moeda estrangeira em 36 bilhões de reais, segundo levantamento feito pela consultoria Economática. O estudo mostra que o valor devido pelas companhias de capital aberto saltou de 168 bilhões de reais para 204,4 bilhões de reais entre o fim de junho e o início de setembro. Nesse período, o dólar saiu de 3,10 reais e chegou a 3,85 reais na última sexta-feira, o maior valor desde outubro de 2002.

O levantamento da consultoria considerou a dívida em moeda estrangeira de 98 companhias de capital aberto, que divulgaram seus endividamentos no balanço – nem todas as empresas divulgam esses dados. O estudo também tem como premissa que o montante devido pelas empresas em dólar, de 54,1 bilhões de dólares, se manteve estável no período

De 2008 pra cá, a dívida externa do país cresceu 65%, para 343 bilhões de dólares (sem considerar os empréstimos intercompanhias), segundo dados do Banco Central (BC). A parcela da iniciativa privada representou algo em torno de 60% desse valor – ou cerca de 200 bilhões de dólares e foi a que mais se expandiu nos últimos anos. Com o dólar no atual patamar, a preocupação com as empresas endividadas em moeda estrangeira aumenta, afirma o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

Ele explica que, mesmo com uma dívida de longo prazo, as companhias sentirão os efeitos da alta do dólar. “Sem conseguir determinar um limite para a cotação da moeda, haverá necessidade de elevar as provisões nos balanços e isso terá reflexo no lucro.” Com o risco país em elevação, os investidores – que financiam as empresas brasileiras no exterior – vão esperar o cenário clarear para tomar novas decisões. Isso significa maior dificuldade de financiamento, com custos maiores e prazos menores.

Leia também:

Desvalorização do real passa de 70%, a maior desde 1999

Com dólar nas alturas, brasileiros trocam exterior por destinos nacionais

(Com Estadão Conteúdo)