Desembolsos de BNDES viram alvo de crítica dos economistas
Repasses são feitos a grupos "escolhidos a dedo", afirma economista
Os subsídios não teriam mensuração alguma e isso impede um debate sobre a eficácia dos recursos.
O forte crescimento dos empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) tem elevado de forma perigosa a dívida bruta do país e a concessão de subsídios para grandes empresas, afirmam analistas. A informação foi divulgada hoje pelo jornal O Globo. O volume de desembolsos da instituição financeira saltou de R$ 20 bilhões em 2000 para R$ 140 bilhões neste ano.
Segundo o jornal, o Tesouro Nacional repassou ao BNDES cerca de R$ 190 bilhões entre 2008 e março de 2010 – e isso ajudou a elevar a dívida bruta brasileira, que passou de 57,9% do PIB para 64,4% do PIB no mesmo período. Os empréstimos ao banco não aparecem na contabilidade da dívida líquida (dívida bruta menos reservas internacionais e outros ativos), somente na bruta.
Alguns especialistas apontam ainda que a atuação do banco contribui para a elevação dos juros no país. O governo concedeu ao BNDES diversas linhas de financiamento com juros baixos, alguns abaixo da inflação prevista e outros subsidiados (abaixo do que o governo paga na captação que faz no mercado financeiro). Como grande parte das empresas pega juros subsidiados, o Banco Central é obrigado a elevar a Selic do resto da economia para frear o crescimento, afirmou ao jornal Carlos Eduardo Gonçalves, professor de economia da FEA/USP.
Eduardo Gianetti da Fonseca, consultor econômico de Marina Silva (PV), reclamou que os repasses são feitos a grupos “escolhidos a dedo”, criando grandes empresas privadas patrocinadas pelo Estado. Os subsídios não teriam mensuração alguma e isso impede um debate sobre a eficácia dos recursos.