Banco Mundial dobrará empréstimos a países emergentes — entre eles o Brasil
Estratégia é ajudar a combater a pobreza no mundo, que está concentrada em países de renda média, segundo dados da instituição
O presidente do Banco Mundial (Bird), Jim Yong Kim, declarou nesta terça-feira que a instituição quer dobrar os recursos de empréstimos a países emergentes. A estratégia faz parte de seu plano de reestruturação para enfrentar os novos desafios do desenvolvimento global, como aumentar sua agilidade e flexibilização.
Segundo o banco, dois terços da população que vive abaixo da linha da pobreza extrema (cerca de 1,2 bilhão), sobrevivendo com menos de 1,25 dólar por dia, estão não nos países mais pobres, mas naqueles considerados de renda média, como a Índia, China, Brasil e México. Para o primeiro, a linha de crédito passaria para 20 bilhões de dólares ao ano. Os demais teriam um acréscimo de 2,5 bilhões de dólares ao ano, atingindo 19 bilhões de dólares.
“Agora temos a capacidade de quase dobrar nossos empréstimos aos países de renda média. Isso significa que serão 100 bilhões de dólares a mais nos próximos dez anos”, disse em uma conferência no Council on Foreign Relations. A meta é atingir no total uma capacidade de crédito de 300 bilhões de dólares.
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Apesar de o Bird tradicionalmente oferecer empréstimos a taxas de juros mais baixas que outras instituições de fomento, nos últimos anos ele perdeu espaço para entidades privadas e regionais que oferecem financiamento com menos exigências burocráticas e condições.
“Se queremos ajudar os países em desenvolvimento a acabar com a pobreza extrema e a impulsionar a prosperidade compartilhada, temos de oferecer mais recursos financeiros, mais soluções baseadas no conhecimento e ajudar a consolidar um investimento maior do setor privado”, explicou Kim em uma conversa com jornalistas.
Apesar de receberem positivamente a notícia, algumas organizações não governamentais criticam os resultados dos empréstimos. Para Nicolas Mombrial, diretor da Oxfam em Washington, por exemplo, em sua avaliação dos resultados, o Bird deveria levar primeiramente em consideração o impacto no desenvolvimento econômico e social.
Kim, que chegou à instituição em 2012, lançou um ambicioso plano com o objetivo de reduzir a pobreza extrema até 2030 e aumentar a prosperidade compartilhada para 40% de receitas menores nos países em desenvolvimento.
Na reunião do Bird organizada com o Fundo Monetário Internacional (FMI) na próxima semana serão discutidos o combate aos efeitos da mudança climática – um “desafio de nossa geração”, segundo ele – e o fomento ao crescimento sustentável.
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(com agência EFE e France-Presse)