Deloitte falhou no caso Panamericano, conclui BC
Relatório do BC afirma que os procedimentos usados pela empresa de auditoria não eram adequados nem suficientes para detectar fraude
As investigações do Banco Central (BC) sobre o rombo bilionário do Panamericano apontaram falhas no trabalho da Deloitte, a empresa que auditava o banco. As informações são de reportagem do jornal O Estado de S. Paulo. Documentos do BC aos quais a publicação teve acesso apontam que a Deloitte não teria adotado “procedimentos adequados e suficientes de auditoria que permitissem detectar grave irregularidade contábil praticada de forma sistemática e contínua”.
Por conta disso, afirma o BC, a Deloitte “emitiu parecer sem ressalvas referente às demonstrações financeiras de 30/06/2010”. Em outras palavras, a consultoria deu seu aval para a contabilidade que se mostrou, posteriormente, fraudulenta. Nesta quarta-feira, o balanço da instituição referente à dezembro de 2010 confirmou um rombo de 4,3 bilhões de reais na operações. A nova administração, em coletiva à imprensa, reconheceu que a antiga diretoria possuía técnicas refinadas para cometer as irregularidades sem que estas fossem percebidas.
Porém, é preciso fazer a ressalva de que o próprio BC não conseguiu detectar a fraude por completo. Os técnicos que descobriram o rombo inicial de 2,5 bilhões de reais no ano passado não perceberam que havia perdas adicionais de 1,3 bilhão de reais – encontrado este ano pela nova administração do Panamericano, com ajuda da própria Deloitte. A empresa de auditoria nega todas as acusações do BC.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, as suspeitas do BC provocaram a abertura de um processo administrativo interno para apurar a responsabilidade da Deloitte e do auditor responsável pelo Panamericano no episódio. Além disso, a instituição encaminhou seus relatórios ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal e à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Procurado, o BC não quis se manifestar.