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Serge Haroche: “minha pesquisa parece esotérica”

O físico francês Serge Haroche, 68 anos, que dividiu o Prêmio Nobel de Física com o americano David Wineland, ficou conhecido por seu trabalho com fótons

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h26 - Publicado em 9 out 2012, 14h27

Perfil

O francês Serge Laroche, vencedor do prêmio Nobel de Física de 2012, ao lado do americano David Wineland ()

Serge Haroche

Naturalizado francês, Serge Haroche nasceu em Casablanca, no Marrocos, em 1944. Estudou na École Normale Supérieure (ENS). Ao sair da ENS, integrou o CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique, um dos principais centros europeus de pesquisa). Professor na École Polytechnique e professor na Universidade de Paris VI, também ensinou durante nove anos na Universidade de Yale, nos Estados Unidos. Nomeado em 2001 professor do Collège de France da disciplina de física quântica, Haroche lideou o grupo de eletrodinâmica dos sistemas simples no laboratório Kastler Brossel do Departamento de Física da ENS. O pesquisador é um forte defensor da investigação fundamental, “a pesquisa com base em pura curiosidade”. Serge Haroche é membro da Academia de Ciências, da Academia Europeia das Ciências e membro associado da Academia Nacional das Ciências dos Estados Unidos. Casado, é pai de duas crianças.

O físico francês Serge Haroche, 68 anos, que dividiu o Prêmio Nobel de Física com o americano David Wineland nesta terça-feira, ficou surpreso com o anúncio, a ponto de ter que se sentar em um banco quando recebeu a ligação na França da Academia Real de Ciências da Suécia.

“Eu estava na rua, passava junto a um banco e pude me sentar imediatamente”. Acabava de ver que o indicador telefônico da Suécia aparecia em seu telefone celular, e adivinhou que iria ganhar o prêmio. Depois da ligação da Academia, falou com a família e com os colegas mais próximos, “sem os quais não teria podido obter o prêmio”.

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“Sempre se pensa que isto pode acontecer, mas as chances são mínimas”, acrescentou. Especialista em física atômica e ótica quântica, Haroche já havia recebido em 2009 a Medalha de Ouro do CNRS (Centre National de la Recherche Scientifique, um dos principais centros europeus de pesquisa).

Serge Haroche disse que iria ao seu laboratório à tarde e que tinha a intenção de celebrar seu prêmio “com champanhe”.

Pesquisa “esotérica” – Primeiro envolvido com a matemática, Haroche se aproximou rapidamente das ciências físicas. “Eu estava fascinado pelo fato de que a natureza pode ser entendida por leis matemáticas, e fui rapidamente atraído para a física, que acrescenta à matemática uma questão essencial: o real”, contou em 2009.

“Haroche é alguém extremamente entusiasta, dinâmico, interessado em muitas coisas, como a música, a literatura”, afirmou Claude Cohen-Tannoudji, professor do Collège de France, do qual Haroche foi um dos primeiros alunos. “É um homem que tem qualidades científicas e humanas notáveis”, acrescentou.

Seus trabalhos permitiram estudar e ilustrar experimentalmente alguns dos postulados da mecânica quântica que desafiam a intuição. Os átomos e fótons constituíram o princípio orientador de sua carreira científica: “Eu ainda estou empenhado em realizar experimentos de laboratório envolvendo átomos e fótons em situações ‘exóticas’, que normalmente não encontramos na natureza”.

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“Esta é uma pesquisa que parece a muitas pessoas esotérica e altamente técnica”, explicou, lembrando, porém, que os transistores, o laser ou a ressonância magnética nuclear, a base da RM (ressonância magnética), são “tecnologias que foram desenvolvidas graças ao conhecimento do mundo quântico.”

Saiba mais

COMPUTADOR QUÂNTICO

Ao contrário da física clássica, onde os conceitos de onda e partícula estão separados, no universo quântico são as duas faces de um mesmo fenômeno, uma propriedade que, teoricamente, permite multiplicar as capacidades dos computadores. A parte da informação mais básica que um computador atual pode entender é um bit. Este é um dígito binário ou de dois valores, isto é, 0 ou 1, que também é uma unidade de medida no computador que designa a quantidade elementar de informação. No mundo quântico, esta unidade básica, chamada qubit, pode ter valor 0 ou 1 como um bit, mas também possuir os dois valores ao mesmo tempo, uma estrutura descrita como “superposição”. Esta característica, em teoria, permitirá aos computadores quânticos realizar milhões de cálculos simultaneamente. Atualmente, as unidades informáticas de maior desempenho podem decifrar um número de até 150 cifras, mas um número de 1.000 dígitos requereria praticamente toda a potência de cálculo disponível no mundo, enquanto que um computador quântico o faria em apenas algumas horas.

(Com Agência France Presse)

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