Crises epiléticas podem estar ligadas a gene pré-histórico
Gene surgiu há 542 milhões de anos em animais marinhos
O estudo do gene pode levar à criação de medicamentos melhores e com menos efeitos colaterais
Um gene de 542 milhões de anos pode ser a chave para entender melhor os mecanismos cerebrais que desencadeiam uma crise epilética e, de quebra, ajudar a criar medicamentos mais eficientes para evitar as convulsões. Uma pesquisa conduzida por Timothy Jegla, professor assistente de biologia na Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, descobriu que um gene conhecido como Kv12.2 pode estar relacionado com a frequência e intensidade das crises epiléticas.
A pesquisa, realizada em camundongos, mostrou que as cobaias com o gene Kv12.2 defeituoso tinham uma tolerância muito pequena a estímulos cerebrais. Mesmo pequenos estímulos causavam crises epiléticas. Isso fez com que os pesquisadores (o estudo foi conduzido em conjunto com a Faculdade de Medicina Baylor, de Houston, no Texas) concluíssem que o Kv12.2 é responsável por manter o cérebro ‘quieto’, respondendo apenas aos estímulos mais importantes.
As crises epiléticas ocorrem justamente quando uma parte do cérebro interpreta todos os estímulos como sendo importantes e começa a enviar sinais errados para todo o órgão, dando origem a convulsões. Em pessoas que não têm epilepsia, existe um balanço no fluxo de sinais elétricos enviados para as células cerebrais. Enquanto os canais de sódio e cálcio estimulam o cérebro, os canais de potássio suspendem essa comunicação, como um filtro que só informa o que é realmente importante. O Kv12.2, surgido há 542 milhões de anos, em seres marinhos, é um gene que atua como controlador de potássio.
Jegla acredita que o estudo do gene pode levar à criação de medicamentos melhores e com menos efeitos colaterais, embora ressalte que muitos casos de epilepsia não têm a ver com fatores genéticos.