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Taís Araújo: ‘Tenho síndrome de princesa’

Grávida do primeiro filho e às vésperas de estrear 'Amores, Perdas e meus Vestidos' no Rio, a atriz fala de trabalho, de racismo e que adora ser mulher

Por André Gomes
7 jan 2011, 08h12

“Os homens se assustaram com a mulher independente e competitiva e nós, mulheres, paramos para pensar que não queremos ser homens, e sim, mulheres com todos os nosso desejos e anseios profissionais. Mas queremos ter nossos filhos, nossos maridos, cuidar das nossas casas, assim como nossas mães e avós faziam”

Taís Araújo encerrou o ano de 2010 com alguns dias de descanso em Salvador, cidade natal do marido, o ator Lázaro Ramos. Por lá, o casal festejou com a família e amigos a recém-anunciada gravidez da atriz, que a fará desligar-se do elenco da novela Cordel Encantado, próxima novela das seis da TV Globo.

A gestação, contudo, não será de descanso. Ao contrário, neste início de 2011, o ritmo de trabalho é intenso. Taís se prepara para estrear nesta sexta, no Rio de Janeiro, a peça Amores, Perdas e meus Vestidos – sucesso off-Broadway de Norah Ephron, a roteirista de Harry and Sally, Feitos um para o Outro, sucesso do final dos anos 1980, e outras comédias românticas, como Sintonia do Amor e Mensagem para Você. O texto foi adaptado por Adriana Falcão, e se apropria de histórias reais de mulheres, em relatos que surgem a partir das lembranças que elas têm de suas roupas. A versão brasileira ainda tem no elenco as atrizes Arlete Sales, Carolina Ferraz e Ivone Hoffman.

Taís, que raramente faz teatro, está animada com o projeto. Assistiu ao espetáculo em junho, em Nova York, e empolgou-se. “Saí do teatro com a sensação de que era exatamente sobre isso que eu queria falar. Tentar passar para as pessoas como é bom ser mulher.” Nesta entrevista ao site de VEJA, a atriz fala da peça, de sua experiência como a Helena de Viver a Vida – quando recebeu muitas críticas -, de preconceito racial e da esperança de que seu filho cresça em um mundo mais equilibrado e justo.

Você faz o estilo ‘mulherzinha’?

Muito! Tenho síndrome de princesa. Adoro vestidos, saltos, bolsas, joias. Sou muito mulherzinha, mas também sou bem ‘machinho” quando é preciso.

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Qual é a diferença entre Amores, Perdas e meus Vestidos e tantas outras peças que exploram o universo feminino?

Marilyn Monroe disse uma vez: “Sou mulher e gosto disso”. Esse é o espírito do espetáculo. Somos mulheres e gostamos disso. A reação da plateia durante a turnê brasileira comprovou uma expectativa nossa: as mulheres se identificam e os homens saem de lá com uma compreensão maior sobre as suas companheiras.

O elenco de 'Amores, Perdas e meus Vestidos': Arlete Salles, Taís Araújo, Carolina Ferraz e Ivone Hoffmann
O elenco de ‘Amores, Perdas e meus Vestidos’: Arlete Salles, Taís Araújo, Carolina Ferraz e Ivone Hoffmann (VEJA)

Que situações da peça você considera particularmente comoventes ou engraçadas?

Tem uma mulher (interpretada pela Arlete Salles) que odeia bolsa e conta, de uma maneira hilária, toda a sua jornada para encontrar a bolsa ideal. A mais comovente (também interpretada pela Arlete) é a de uma mulher que conta como conseguiu lidar com um cancêr de mama aos 27 anos. Nesse caso, ela fala como passou a se relacionar com o sutiã após a cirurgia de reconstrução. É uma história real, sobre um drama real, mas contada com leveza e otimismo.

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Você foi muito criticada como protagonista da novela Viver a Vida. Como avalia essa experiência?

Eu não tenho dúvida de que Viver a Vida foi a novela em que eu mais aprendi. Nunca tinha lidado com críticas e foi um grande e importante aprendizado. Pode-se dizer que a Helena do Manoel Carlos é uma personagem clássica da teledramaturgia brasileira e, pra mim, é uma honra fazer parte do seleto grupo de atrizes a quem ele confiou essa personagem.

Na época da novela, comentou-se bastante o fato de haver, enfim, uma Helena negra. Sempre que pode, você fala sobre o racismo no Brasil. Já sofreu algum tipo de preconceito?

Essa pergunta em si já mostra o quanto ainda há preconceito. O fato de ser negra era totalmente irrelevante no caso da Helena. Ela era uma mulher jovem, no auge do sucesso profissional, que abriu mão da carreira em nome do casamento. A questão racial nunca esteve em pauta. Rotulá-la como ‘a primeira Helena negra’ é em si uma atitude preconceituosa. Eu sofro preconceito. Qualquer negro, neste país, sofre preconceito. Talvez o fato de ser conhecida amenize. Você não vê muitas atrizes negras em capas de revistas, por exemplo. Mas fico feliz e orgulhosa em saber que, de certa forma, contribuo para que essas barreiras sejam quebradas e que o meu filho cresça num mundo menos preconceituoso.

Muito se fala do papel do ‘novo homem’ para uma ‘nova mulher’ e vice-versa. Quem são, para você, esses homens e essas mulheres?

Acho que os homens se assustaram com a mulher independente e competitiva. E nós, mulheres, paramos para pensar que não queremos ser homens, e sim mulheres com todos os nossos desejos e anseios profissionais. Mas queremos ter nossos filhos, nossos maridos, cuidar das nossas casas, assim como nossas mães e avós faziam. Acredito que, depois de muito desencontro, vamos encontrar um equilíbrio. Nós – homens e mulheres.

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