Salgueiro levará pole dance à Marquês de Sapucaí
No enredo 'O Rio no cinema', carro que representa os cabarés da Lapa terá dez dançarinas encarapitadas em barras
“Treinamos com o ar condicionado desligado para simular o calor do dia do desfile e ver quanto tempo o corpo demora para suar. Temos alguns recursos para enxugar o suor, mas isso é um segredo que vocês só verão na Avenida”, diz Vanessa Costa, presidente da Federação Brasiliera de Pole Dancers
Os carnavalescos das 12 escolas de samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro compartilham todos os anos a mesma obsessão: inovar a qualquer custo. No Salgueiro, Renato Lage decidiu apostar numa fórmula que tem sucesso garantido: dez belas mulheres, com pouquíssima roupa, vão cruzar a Marquês de Sapucaí, fazendo manobras sensuais em barras de pole dance. Elas representarão as dançarinas dos antigos cabarés da Lapa, no terceiro carro alegórico, dentro do enredo “Salgueiro apresenta: O Rio no cinema”.
“Queremos mostrar um tipo de pole dance pouco conhecido aqui no Brasil, mais acrobático. Nossas meninas são atletas, disputam campeonatos. Entre elas, está a Rafaella Montanaro, que venceu o mundial no ano passado. A arte ainda está presente, mas também tem esse caráter esportivo”, explica Vanessa Costa, líder do grupo e presidente da Federação Brasileira de Pole Dancers, criada há um ano.
O carro alegórico do Salgueiro contará com seis barras de metal para as dançarinas. Vanessa e Rafaella terão destaque, e contarão com as suas próprias barras. As outras oito bailarinas vão se dividir em duplas nas quatro barras restantes.
A letra do samba-enredo funciona como marcação para a coreografia. No trecho “deu a louca em Copacabana”, todos os componentes – incluindo as pole dancers – giram as mãos em círculos, ao lado das orelhas.
“Na coreografia, faremos movimentos sincronizados. E vamos estar em sintonia com as coreografias do resto da escola. Temos treinado bastante nos ensaios técnicos na Sapucaí”, adianta Vanessa.
Na academia, o treinamento também é puxado. São exercícios de alongamento, força e resistência. Enquanto uma apresentação de pole dance dura, em média, apenas 4 minutos, o desfile exigirá que as dançarinas fiquem penduradas por cerca de 20 minutos.
Nas primeiras semanas, elas chegavam a treinar três vezes por semana, em sessões de até 4 horas, em uma academia na Barra da Tijuca. Agora que a coreografia já está mais do que decorada, a estratégia é reduzir os ensaios para evitar lesões.
“É uma atividade arriscada, que exige preparo. Mas qualquer pessoa pode fazer. Na nossa academia, temos donas de casa, médicas, arquitetas, fisioterapeutas… Como as barras têm 5 metros de altura, é preciso um acompanhamento quase individual. Por isso, nossas turmas têm, no máximo, 5 alunas”, conta Vanessa Costa.
Bastante eclético, o grupo que desfilará na Sapucaí é formado por mulheres de 21 a 45 anos. Muitas entraram no pole dance por hobby, e hoje todas competem profissionalmente. Mas, mesmo para elas, o desfile exigirá um grande esforço físico. Como se não bastasse, o suor será um obstáculo a mais. Para vencê-lo, além de um figurino diminuto, elas já adotam outras táticas.
“Treinamos com o ar condicionado desligado para simular o calor do dia do desfile e ver quanto tempo o corpo demora para suar. Temos alguns recursos para enxugar o suor, mas isso é um segredo que vocês só verão na Avenida”, afirma Vanessa.