Revisão de regra pode permitir punição a Jaqueline Roriz
Deputada aparece em vídeo recebendo dinheiro de origem suspeita em vídeo gravado há cinco anos; pela interpretação atual da Câmara, ela estaria livre
O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), disse nesta quarta-feira que o Conselho de Ética da casa irá rever a interpretação atual para casos de quebra de decoro parlamentar. Hoje, os deputados consideram que acontecimentos prévios ao início do mandato não podem ser usados para punir deputados. Uma possível mudança na interpretação prejudicaria Jaqueline Roriz (PMN-DF), que aparece recebendo dinheiro em imagens feitas há cinco anos. O operador do chamado mensalão do DEM, Durval Barbosa, é quem repassou o maço de dinheiro à então candidata a deputada distrital e ao marido dela, Manoel Neto.
“O Conselho de Ética terá que rediscutir o critério que adotou na análise de fatos que são pretéritos à atividade parlamentar”, declarou o petista na tarde desta quarta-feira, em entrevista coletiva à imprensa. Marco Maia disse que as imagens são “fortes”, mas evitou fazer falarl sobre uma possível punição à parlamentar. Se a Câmara considerar que as imagens de Jaqueline podem ser usadas para puni-la, a deputada corre o risco de ter o mandato cassado.
Informações – A presidência da Câmara pediu ao Ministério Público Federal, nesta quarta-feira, informações sobre as investigações que envolvem a filha do ex-governador do Distrito Federal Joaquim Roriz (PSC). O material vai servir para que a casa decida se abre um processo de investigação da parlamentar. “Estamos buscando informações para ter clareza sobre as investigações que estão sendo feitas”, afirmou Marco Maia.
O Conselho de Ética da Câmara, responsável por avaliar casos em que há suspeita de quebra de decoro, deve ser instalado na tarde da próxima quarta-feira. A nova composição do grupo, que tem 15 integrantes, vai eleger presidente do conselho pelos próximos dois anos e será responsável por guiar a interpretação aplicada no caso de Jaqueline.
Comissão – Jaqueline Roriz também pediu nesta quarta-feira que o PMN retirasse a indicação dela para compor a Comissão da Reforma Política na Câmara. O substituto será Fábio Faria (PMN-RN).
Na carta em que solicita a retirada de seu nome, a deputada não faz qualquer menção às acusações. Jaqueline Roriz, que ignorou o assunto nos últimos cinco dias, desde que o vídeo veio à tona, arranjou outra explicação: “Aprendi que os interesses da sociedade, de um grupo político, devem prevalecer acima de qualquer interesse individual ou vontade pessoal e, neste contexto, solicito a minha substituição na Comissão”.