Quem é e para onde vai o eleitor verde
Jovens e mulheres são destaque no eleitorado de Marina Silva. Segundo Datafolha, metade escolheria José Serra no segundo turno
A senadora ficou acima da média e da porcentagem dos outros candidatos entre as mulheres, os jovens de 25 a 34 anos e as pessoas com nível de escolaridade médio e superior
Somente o resultado do dia 31 de outubro poderá dizer quem venceu a batalha pelos votos dados a Marina Silva (PV) no primeiro turno. Mas o último levantamento feito pelo Datafolha antes do dia 3 apontou uma tendência.
O instituto perguntou em quem os eleitores votariam no segundo turno. José Serra (PSDB) foi a preferência de 50% dos entrevistados. Outros 25% apontaram Dilma Rousseff (PT) e os demais estavam indecisos ou disseram que anulariam o voto.
Se os dados se concretizarem, a petista seria eleita. Para o tucano vencer, Dilma não poderia ganhar nenhum voto a mais e pelo menos 70% dos votos dados a Marina deveriam ser transferidos a Serra. Mas, como a campanha do segundo turno está apenas começando, muita coisa pode mudar.
Com estudo e dinheiro no bolso – Segundo o Datafolha de 2 de outubro, a senadora ficou acima da média e da porcentagem dos outros candidatos entre as mulheres, os jovens de 25 a 34 anos e as pessoas com nível de escolaridade médio e superior.
A preferência pela verde também foi expressiva entre a população economicamente ativa, os assalariados registrados e os funcionários públicos. Marina ainda ultrapassou os outros candidatos entre aqueles que recebem de 2 a 20 salários mínimos.
Durante esta semana, o Datafolha foi às ruas novamente para perguntar quem votou e por que votou em Marina em 3 de outubro. O levantamento tentará medir também o real efeito nas urnas de questões como aborto, religião e escândalos envolvendo o governo.
Os dados poderão apresentar uma explicação para o surpreendente desempenho da senadora nas urnas – ela obteve quase 20 milhões de votos – e ajudar os candidatos que ainda estão na disputa a descobrir para que lado devem atirar. A pesquisa será divulgada neste domingo.
Ascensão – O diretor do Datafolha, Mauro Paulino, lembra que a ascensão de Marina Silva começou após a publicação da reportagem de VEJA sobre o tráfico de influência na Casa Civil, na época chefiada por Erenice Guerra. O caso deu início à queda da candidata petista, que perdeu votos para a verde.
“Dilma começou a ter prejuízo da imagem que vinha criando, de que tinha luz própria. O que restou foi o percentual que obteve por causa da herança do governo Lula. Isso acabou beneficiando Marina. Ela conquistou eleitores que não estavam tão convictos do voto na petista”, analisa.
Segundo o diretor do Datafolha, a partir daí, cerca de 15 dias antes do primeiro turno, a senadora ganhando espaço em grupos que antes não votariam nela. “Além da classe média alta e dos mais escolarizados, ela começou a conquistar votos entre os eleitores de nível médio e renda entre 2 e 5 salários, ou seja, a classe C emergente, que costumava declarar o voto em Dilma”, explica.