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PT x PMDB: interesses bilionários em jogo

Por trás da disputa pelo segundo escalão, estão orçamentos maiores do que os de muitos ministérios

Por Gabriel Castro
6 jan 2011, 12h47

Rodolfo Teixeira, cientista político: “O PT é um partido ávido por cargos e o PMDB é um partido ultrafisiológico porque não tem um programa claro”

O apetite do PT e do PMDB pelo comando de fundações e estatais – que provocou a primeira crise do novo governo – é proporcional ao tamanho do orçamento destes órgãos. O partido da nova presidente e a legenda de seu vice, Michel Temer, se engalfinham pelo controle do chamado segundo escalão da gestão de Dilma Rousseff, que movimenta cifras bilionárias. A Secretaria de Atenção à Saúde, que passou das mãos do PMDB para o PT, tem orçamento de 45 bilhões de reais para este ano. A Fundação Nacional de Saúde (Funasa), outra pasta que os petistas tiraram das mãos dos aliados, dispõe de cerca de 2,3 bilhões de reais.

O Ministério da Saúde, aliás, é dono do maior orçamento – e, portanto, da maior mina de ouro: só para a Fundação Oswaldo Cruz serão destinados mais de 2 bilhões reais – mais do que o Ministério da Cultura. Mas há searas ainda mais robustas: os Correios, onde o PMDB também teve de ceder lugar aos petistas, têm 12 bilhões de reais em caixa. O Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (DNIT), 15 bilhões.

Para o cientista político Rodolfo Teixeira, a união entre os dois partidos está fadada a gerar crises porque ambos dependem de verbas públicas para alimentar as bases eleitorais: “O PT é um partido ávido por cargos e o PMDB é um partido ultrafisiológico porque não tem um programa claro”, afirma.

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Associação “absurda” – Na tentativa de diminuir a temperatura das relações entre petistas e peemedebistas, o líder do PMDB na Câmara, Henrique Eduardo Alves, garantiu nesta quarta-feira que não há relação entre a discussão sobre o salário mínimo e a partilha de cargos no governo de Dilma Rousseff. O parlamentar, que nesta terça-feira mandou um recado direto à base aliada, disse que foi mal interpretado: emitiu nota em que chama de “absurda” a associação entre uma coisa e outra.

O interesse repentino do PMDB em uma possível elevação no salário mínimo, garante Alves, tem razões republicanas: “Essa medida tem graves repercussões nos estados e municípios e o PMDB quer sua bancada unida e consciente na discussão e na votação – apenas isto”, diz o deputado no texto. A nota é uma tentativa de amenizar a repercussão das declarações dadas por ele um dia antes, ao sair de um encontro com caciques do PMDB.

Insatisfeito com o avanço do PT sobre cargos de segundo escalão do governo, o partido do vice-presidente Michel Temer reagiu. Temendo que a briga ameaçasse a eleição do petista Marco Maia para a presidência da Câmara, a presidente Dilma Rousseff adiou o debate sobre cargos para fevereiro.

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Mas o PMDB achou outro ponto fraco para pressionar o governo: o mínimo de 540 reais estabelecido pelo governo ainda precisa passar pelo crivo do Congresso. Lá, com os votos dos partidos de oposição, os peemedebistas poderiam armar uma retaliação e elevar o valor do benefício – o que teria implicações no caixa do novo governo.

Para Rodolfo Teixeira, a ameaça do PMDB demonstra que o governo de Dilma Rousseff não terá vida fácil no Congresso, apesar de, em tese, ter ampla maioria: “A maioria de Dilma é muito fluida, existe só no papel. Ela tem duas oposições: uma de fato e uma interna, composta pelo PMDB e pelos micropartidos que gravitam em torno do PMDB”.

Eleição – Na nota divulgada nesta quarta-feira, o líder do PMDB também reafirmou o apoio do partido à candidatura de Marco Maia à presidência da Câmara: “O nosso candidato é o candidato do PT, deputado Marco Maia. Torcemos e trabalharemos para que ele se torne o nome do consenso dos partidos da base do governo, da oposição – dos maiores aos menores – e enfim, o presidente da instituição Câmara dos Deputados”, diz o texto.

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Nesta quarta-feira, em entrevista ao site de VEJA, Henrique Eduardo Alves afirmou que o governo “não tem noção” do espaço que deve ser ocupado pelo PMDB no governo.

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