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Moro: ‘A Justiça, quando tarda muito, não é completa’

Juiz afirmou que é preciso reforma para que o sistema passe a funcionar de maneira eficaz. Ele defendeu a importância de tornar processos públicos

Por Carolina Farina 3 jul 2015, 15h58

O juiz federal Sérgio Moro, responsável pelas ações da Lava Jato em primeira instância, classificou nesta sexta-feira as prisões efetuadas no âmbito da operação como exceções – e defendeu a importância de tornar públicas as informações contidas nos processos, sobretudo nos casos que envolvem crimes contra a administração pública. Durante palestra no 10º Congresso Internacional da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), em São Paulo, o magistrado também fez criticas à morosidade do Judiciário brasileiro, e afirmou: “A Justiça, quando tarda muito, não é uma completa Justiça”.

Moro afirmou que casos como o da Lava Jato e o julgamento do mensalão não podem chamar a atenção como raros exemplos de bom funcionamento do Judiciário. “O sistema tem de funcionar como regra. Deve haver uma reforma para que esses casos não sejam exceções”, afirmou. “Nossos sistema é muito lento,ineficiente e moroso”, disse o juiz. “É ainda mais ineficiente em relação ao crime de colarinho branco”, prosseguiu. “Precisamos mudar o sistema legal do país”.

O juiz falou das críticas que recebe em relação a quantidade de prisões que decreta. Segundo ele, manter investigados na carceragem da PF em Curitiba não é um procedimento corriqueiro da investigação. Moro afirmou que analisa as prisões que ocorreram até aqui na Lava Jato como exceções neste processo. Ele disse ainda que as decisões são sempre fundamentadas e salientou que, como juiz de primeira instância, está “na base do sistema” – há possibilidade de recursos, lembrou. O juiz também falou dos ataques pessoais que sofre de setores insatisfeitos com os rumos da Lava Jato. “Não sou uma besta-fera”, disse o magistrado. “Me assusta o baixo nível do debate”.

O magistrado negou que haja “vazamento seletivo” de informações. Segundo ele, tornar os processos públicos é um dever constitucional. “Processos que envolvem crimes contra a administração pública devem ser mais públicos ainda, para que haja escrutínio da ação da Justiça”, afirmou. Segundo o magistrado, informação é poder, e esse poder deve ser democratizado. O juiz também criticou a existência de foro privilegiado a políticos com mandato. “Os governantes têm mais responsabilidade que os governados”, disse.

Questionado sobre o argumento de que os efeitos da Lava Jato estão comprometendo a saúde financeira das empreiteiras, o que pode ocasionar desemprego, o juiz recorreu a um ditado: “O policial que encontra o corpo não é culpado pelo homicídio”. E prosseguiu: “O custo da solução é alto, mas qual seria o custo da continuidade dos atos criminosos?”.

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