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Documentos mostram que Maluf assumiu em processo ter dinheiro no exterior, diz jornal

Reportagem do jornal 'Folha de S. Paulo' mostra que sentença proferida pela Corte de Jersey indica que deputado admitiu controlar uma das empresas que administraram os recursos

Por Da Redação
17 mar 2014, 10h35

O deputado federal Paulo Maluf (PP-SP), que sempre negou veementemente manter contas bancárias no exterior, foi pressionado pelo banco alemão Deutsche a revelar a origem de 200 milhões de dólares que teria movimentado pela instituição financeira. E acabou admitindo que controlava uma das empresas que administraram os recursos, segundo reportagem da edição desta segunda-feira do jornal Folha de S. Paulo. Segundos documentos obtidos pelas autoridades da Ilha de Jersey, Maluf tratou pessoalmente com advogados encarregados de dar explicações ao banco, que começou a exigir detalhes sobre a origem das movimentações em 1999. Em agosto daquele ano, segundo o jornal, o empresário Flávio Maluf, filho do deputado, disse numa carta ao banco que parte do dinheiro representava recursos aplicados por ele mesmo e seu pai em fundos de investimento conhecidos como trusts. Nessa época, o próprio Maluf escreveu ao Deutsche Bank para dizer que a carta do filho tinha sua aprovação e refletia seus interesses como dono do dinheiro depositado num desses fundos, controlado pela Sun Diamond, segundo a sentença de Jersey.

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Maluf foi prefeito de São Paulo entre 1993 e 1996. Durante a sua gestão, contratos firmados para construção de grandes obras, como o Túnel Ayrton Senna e a antiga Avenida Água Espraiada, foram superfaturados. As empresas contratadas entregavam o dinheiro que recebiam a mais da prefeitura para doleiros indicados por Maluf e estes, por sua vez, enviavam o dinheiro para os Estados Unidos e, posteriormente, para grandes bancos europeus. Da Europa, os recursos eram transferidos para fundos de investimento controlado pela família Maluf no paraíso fiscal da Ilha de Jersey. Os fundos compraram 93 milhões de dólares em debêntures da Eucatex, empresa da família Maluf. Assim, o dinheiro voltou ao Brasil, direto para o bolso do ex-prefeito. Documentos chegaram a revelar um saldo de espantosos 345 milhões de dólares. Seu filho e braço direito, Flávio Maluf também operava uma conta que, segundo as provas apresentadas, chegou a receber 14 milhões de dólares em um único dia. Documentos obtidos com exclusividade por VEJA em maio de 2004 comprovam a existência de uma megafortuna pertencente a Maluf no exterior. O deputado, contudo, sempre negou veementemente ser o proprietário dos recursos.

Em janeiro de 2013, a Corte de Jersey anunciou que as empresas offshores ligadas ao ex-prefeito terão de devolver quase 32 milhões de dólares (quase 75 milhões de reais) aos cofres públicos do município de São Paulo, além de pagar nove anos de custos com advogados no processo que ainda tramita no paraíso fiscal. A sentença descreve em detalhes tratativas entre o deputado e de seus advogados com o Deutsche Bank e não deixa dúvidas sobre sua ligação com os recursos encontrados em Jersey. Em fevereiro deste ano, o Deutsche Bank fechou um acordo com a prefeitura de São Paulo e com o Ministério Público Estadual (MPE) para o pagamento de 20 milhões de dólares (cerca de 47 milhões de reais) por ter movimentado valores depositados pelo ex-prefeito Paulo Maluf. O objetivo da instituição financeira é, de acordo com os promotores de São Paulo, “evitar qualquer discussão” sobre transações bancárias feitas pela família de Maluf entre 1996 e 2000.

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O Deutsche Bank começou a fazer questionamentos sobre a origem dos recursos de Maluf em 1999, quando uma nova lei contra a lavagem de dinheiro em Jersey obrigou os bancos a informar em detalhes os montantes movimentados por seus clientes. O banco gerenciou recursos de quatro empresas controladas pela família de Maluf. São elas: Durant, Kildare, Macdoel e Sun Diamond. Em uma das cartas do banco aos advogados do deputado, a instituição afirma que o dinheiro movimentado por uma dessas empresas “foi além do que pode ser considerado normal”. Uma referência clara aos inúmeros casos de corrupção que marcaram a trajetória do político.

Ainda segundo o jornal, em março de 2000, o banco alemão insistiu para obter “uma explicação sobre a origem dos fundos em cada caso” e alertou que sua assessoria jurídica já havia recomendado o congelamento dos recursos das empresas. Um dos advogados de Maluf mandou então uma mensagem ao Deutsche para pedir mais tempo e lembrar os alemães de que “a exigência de confidencialidade da família Maluf é imperativa”.

Em maio de 2000, Maluf reuniu-se com seus advogados em Monte Carlo, no principado de Mônaco. Segundo a sentença de Jersey, ele falou de sua trajetória e dos negócios da família, e deu explicações sobre um processo judicial recente contra ele. A reunião resultou em nova troca de correspondências entre a família e o banco. Numa das cartas citadas pela sentença, Flávio Maluf disse que o dinheiro em Jersey era de comissões obtidas por ele em negócios particulares. O filho de Maluf escreveu também que ele e o pai estavam “extremamente chateados” com as cobranças feitas pelo banco e queriam encerrar logo o “infeliz episódio”.

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Documentos apócrifos – Consultado sobre o conteúdo da sentença da Ilha de Jersey, Adilson Laranjeira, assessor do deputado Paulo Maluf (PP-SP), limitou-se a afirmar que “a reportagem se baseia em documento sem identificação e apócrifo [falso, ou sem autoria conhecida]”.

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