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Dirceu se cala diante da CPI da Petrobras

Ex-chefe da Casa Civil, apontado como um dos responsáveis por instituir o petrolão, avisou a parlamentares que não responderia a perguntas e foi dispensado após 16 minutos

Por Laryssa Borges Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 31 ago 2015, 10h57

O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu ficou em silêncio nesta segunda-feira diante dos integrantes da CPI da Petrobras. Deputados da comissão viajaram até Curitiba para tomar depoimento de autoridades presas na Operação Lava Jato, mas Dirceu informou que não responderia a nenhum questionamento, nem mesmo em sessão fechada. A sessão de questionamentos durou apenas 16 minutos e o petista foi dispensado na sequência.

Segundo o Ministério Público, Dirceu foi uma das pessoas que instituiu o esquema criminoso do petrolão, responsável por movimentar mais de 6 bilhões de reais a partir de fraudes em contratos da Petrobras e do pagamento de propina a agentes públicos. E mais: o juiz federal Sergio Moro, que conduz os processos da Operação Lava Jato em Curitiba, afirmou, no despacho que autorizou a prisão preventiva do ex-ministro no início de agosto, que há indícios de que o petista praticava crimes de forma “profissional” e “habitual”. Uma das evidências, apontou o magistrado, é que Dirceu continuou a receber propina mesmo depois de já condenado pelo Supremo Tribunal Federal por corrupção ativa no julgamento do mensalão.

Segundo Moro, as provas recolhidas no âmbito da Lava Jato – e potencializadas com as revelações do lobista Milton Pascowitch de que os repasses a Dirceu eram propina – indicam que o ex-ministro “persistiu recebendo vantagem indevida durante toda a tramitação da ação penal, inclusive durante o julgamento em plenário”. A audácia do petista de embolsar dinheiro sujo enquanto tentava desqualificar o julgamento do mensalão pelo STF indica, segundo Moro, “acentuada conduta de desprezo não só à lei e à coisa pública, mas igualmente à Justiça criminal e a Suprema Corte”.

No depoimento desta segunda-feira, Dirceu chegou à sala da CPI às 10h09 escoltado por dois policiais. Recusou-se a informar se era “o líder da organização criminosa”, se cogita fazer um acordo de delação premiada, se é um “traidor do Brasil” e também se replicou, na Lava Jato, o esquema criminoso do mensalão. José Dirceu tampouco respondeu a questionamentos sobre os serviços de consultoria que diz ter prestado e que as investigações apontam ser de fachada. “Já chamaram o senhor de guerreiro do povo brasileiro. Depois do mensalão e do petrolão, o senhor pode ser chamado de ladrão do povo brasileiro?”, questionou o deputado Delegado Waldir (PSDB-GO).

Com as mãos para trás e acompanhado por dois advogados, cumprimentou o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), e o relator da comissão, o petista Luiz Sergio (PT-RJ), mas não deu esclarecimentos.

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Apesar de a defesa do ex-ministro afirmar não haver qualquer prova da participação de Dirceu no bilionário esquema do petrolão, o juiz Sergio Moro listou diversas evidências de que o ex-todo-poderoso do governo Lula estava umbilicalmente ligado ao esquema que sangrou os cofres da Petrobras. Pascowitch, ele próprio um dos assíduos pagadores de propina a Dirceu, apresentou “extensa documentação” para comprovar os depósitos de dinheiro sujo em benefício do ex-ministro, boa parte em um sistema de lavagem de dinheiro envolvendo imóveis. Há registros de que a empresa de fachada Jamp Engenharia pagou 1 milhão de reais à JD Consultoria entre abril e dezembro de 2011. Há ainda contratos simulados de consultoria entre a Jamp e a JD, o pagamento de 1,3 milhão de reais feito por Pascowitch para a reforma da casa do petista em Vinhedo, a reforma do apartamento do irmão de Dirceu, também bancada por Pascowitch, e até a compra de um apartamento para a filha de Dirceu, Camila.

O segundo depoente da CPI da Petrobras foi o ex-executivo da Odebrecht Antonio Bernardi Filho, apontado pelas investigações como um dos responsáveis por lavar dinheiro para o ex-diretor de Serviços da Petrobras, Renato Duque, indicado ao cargo pelo ex-ministro José Dirceu. Segundo o Ministério Público, Bernardi chegou a ser roubado no Rio de Janeiro momentos antes de repassar 100.000 reais em propina na Petrobras.

A exemplo de Dirceu, Bernardi permaneceu em silêncio e não respondeu às perguntas dos deputados, mas foi ironizado pelos parlamentares por tido a propina roubada a poucos metros da Petrobras. “Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão”, disseram os deputados Altineu Cortes e Delegado Waldir ao depoente.

De acordo com os investigadores, o executivo se aliou ao ex-diretor Renato Duque em um esquema para favorecer a empresa multinacional italiana de equipamentos de perfuração Saipem. Entre janeiro e agosto de 2011, diz a acusação, Bernardi ofereceu propina a Duque para favorecer a Saipem na contratação da obra de instalação de um gasoduto submarino de Interligação dos campos do pré-sal de Lula e Cernambi. Em 2012, para ocultar fraudes antecedentes e dar ares de legalidade aos benefícios repassados a Duque, João Bernardi comprou em nome próprio ou em nome da empresa Hayley do Brasil, também envolvida na trama de irregularidades, obras de arte em favor do ex-diretor da Petrobras.

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