Coronel acusado de corrupção é preso mais uma vez
Djalma Beltrami, que comandava o 7º BPM, foi acusado de receber propina de traficantes. Corregedoria das polícias do Rio capturou o oficial no fim da tarde
O coronel da PM Djalma Beltrami, que comandava o 7º BPM (São Gonçalo), foi preso mais uma vez no Rio. Ele havia sido afastado e detido em dezembro do ano passado, sob suspeita de comanda um esquema de recebimento de propina de traficantes. Nesta quinta-feira, o juiz Márcio da Costa Dantas, da 2ª Vara Criminal de São Pedro D’Aldeia, expediu um mandado de prisão preventiva contra o oficial. A Corregedoria Geral Unificada (CGU) das polícias do rio prendeu o oficial pouco antes das 18h.
Com base nas investigações que culminaram na Operação Dezembro Negro, realizada em dezembro do ano passado, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro denunciou Beltrami, mais 12 policiais militares e 27 pessoas relacionadas ao tráfico de drogas no Complexo do Maré e nos Morros do Bumba, em Niterói, e da Coruja, em São Gonçalo. Também foi requerida a prisão preventiva de todos os denunciados, sendo que dez policiais e dois traficantes já estão presos em decorrência da operação. Beltrami e os demais policiais foram denunciados por tráfico na forma omissiva e associação para o tráfico na forma omissiva e os demais, por tráfico e associação para o tráfico.
Beltrami foi preso pela primeira vez em 19 de setembro. Vinte e quatro horas depois, no entanto, ele obteve um habeas corpus. O coronel foi acusado de envolvimento com traficantes de drogas do Morro da Coruja, em São Gonçalo. A notícia chocou o país: Beltrami assumiu o batalhão que era comandado pelo tenente-coronal Claúdio Luiz de Oliveira, acusado de mandar matar a juíza Patrícia Acioli.
A prisão de Djalma Beltrami deflagrou uma crise entre as polícias Civil e Militar. Na ocasião, a Polícia Civil obteve 13 mandados de prisão na Justiça, pelo indício de recebimento de cerca de 160 mil reais por mês por policiais do 7º BPM.
A investigação da Polícia Civil indicou que Beltrame receberia, por mês, 40 mil reais. Em troca, a PM de São Gonçalo não entrava na área dos traficantes do Morro da Coruja. Gravações de telefonemas obtidos pela polícia, com autorização da Justiça, mostram que os policiais, dizendo-se enviados de Beltrami, negociaram também a liberação de bailes funk no local, algo que estava proibido pelo comando anterior. “Em conversa interceptada, o tenente-coronel Beltrami fala com um subordinado sobre a retirada de qualquer material errado nas viaturas, como touca ninja, munições não permitidas e armamento, pois não queria ter problemas com eventual fiscalização da Corregedoria”, narra trecho do pedido de prisão encaminhado à justiça.
A Secretaria de Segurança do Rio informou, em nota, que Beltrami será encaminhado para um batalhão da PM, ainda não definido. A secretaria informou também que só vai se manifestar sobre o caso ao fim do processo contra o coronel.
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