Por Carlos Mendes, correspondente
Belém – O conselheiro tutelar Benílson Silva, que denunciou às autoridades do Pará a violência sexual que a adolescente T., de 14 anos, sofreu dentro da colônia penal Heleno Fragoso durante quatro dias, pediu proteção policial, denunciando estar recebendo ameaças de morte por telefone.
Segundo ele, em um dos telefonemas foi advertido do risco que corria, juntamente com sua mulher e filhos, se não parasse de dar entrevistas à imprensa sobre o caso.
A polícia informou que vai dar proteção a Silva, enquanto o Conselho Tutelar decidiu afastá-lo do caso. A Secretaria Nacional de Direitos Humanos da presidência da República mandou para Belém uma comissão para investigar o abuso sexual contra a menina.
Eles estiveram na colônia, que a partir de hoje ganhou reforço de nove policiais militares, impedidos de fazer policiamento dentro da área onde ficam os detentos em razão da proibição prevista na lei que rege o regime semiaberto dos presos.
O ouvidor Nacional de Direitos Humanos, Domingos Silveira, disse que os casos envolvendo escândalos no sistema penitenciário do Pará são recorrentes e não podem mais continuar acontecendo. “Temos de saber também como os recursos destinados pelo governo federal estão sendo utilizados na área da segurança”, ressaltou Silveira.
A garota, após ter acesso a um álbum de fotografias de detentos da colônia, reconheceu quatro detentos que a teriam violentado. Ela reafirmou que já havia estado uma vez na colônia antes de ter sido abusada por vários detentos.
Ela acrescentou que no período que ficou na mão dos detentos teve de se vestir com roupas masculinas para entrar nos pavilhões 1 e 4 e passar a noite no local.
“Nós ficávamos presas em um quarto e só saímos para comprar bebidas. Se tentássemos correr, eles nos matavam. Eles davam dinheiro e o que sobrava nós comprávamos lanches para a gente. Fugi para não morrer”, resumiu a jovem.