Assassinos de juíza usaram munição comprada pela PM
Cápsulas recolhidas no local do crime indicam número de lote da corporação. Para comandante, é forte a evidência da participação de policiais
A hipótese de que o assassinato da juíza Patrícia Lourival Acioli foi tramado e executado por policiais ganhou indícios de peso nesta segunda-feira. As balas usadas no crime, como mostra reportagem do jornal carioca O DIA, fazem parte de um lote de 10 mil munições do calibre 0.40 compradas para a Polícia Militar do Rio de Janeiro. Ainda não há confirmação sobre quais unidades da PM receberam o material, mas as pistas, segundo a reportagem, levam ao 7º BPM (São Gonçalo).
Os estojos recolhidos no local do crime indicavam, segundo a perícia, que Patrícia foi atacada com armas do calibre .40, usadas pela PM, e calibre .45, empregadas pelas Forças Armadas. A juíza foi atingida por 21 disparos.
Na manhã desta segunda-feira, o comandante-geral da PM, coronel Mário Sérgio Duarte, afirmou que desde o início das investigações há evidências de que policiais podem estar envolvidos no crime, mas disse não ter informações sobre o desvio de munições.
“A notícia que nos chega de que munições utilizadas no crime pertencem a um lote da polícia militar nos dá a certeza de que houve a participação dos policiais militares, ainda que não na execução da juíza, mas no mínimo da preparação do crime ou em alguma de suas fases”, disse Mário Sérgio.
O comandante da corporação lembrou, no entanto, que a PM não tem acesso ao inquérito da Polícia Civil, conduzido em sigilo pela Divisão de Homicídios (DH) da capital. “Por enquanto, trabalhamos com a informação vinda da imprensa”, justificou.
Investigados – O comando-geral da PM recebeu, na última sexta-feira, uma lista de policiais da região de Niterói e São Gonçalo que constam em processos por envolvimento com o crime. “Vamos analisar a lista e, ao menor sinal do tribunal, faremos as mudanças necessárias”, afirmou o oficial. Segundo Mário Sérgio, são “algumas dezenas” de policiais investigados.