A milícia Talibã lucrou cerca de 100 milhões de dólares no ano passado com a produção de ópio no Afeganistão, anunciou a Organização das Nações Unidas (ONU) nesta terça-feira. De acordo com Antonio Maria Costa, chefe do Escritório das Nações Unidas de Combate às Drogas e ao Crime, o dinheiro foi obtido através da cobrança de um “imposto” dos produtores de ópio, que são forçados a entregar 10% de seus lucros aos extremistas muçulmanos.
A ONU calcula que a produção afegã de papoulas no ano passado rendeu cerca de 1 bilhão de dólares. Em entrevista à rede britânica BBC, Costa informou que o Talibã se beneficia da atividade não apenas com a cobrança da taxa, mas também através de outras atividades ligadas ao tráfico de ópio. “Uma delas é a proteção aos laboratórios e cargas, transportando a droga através da fronteira”, explicou ele. No ano passado, o país produziu cerca de 8.000 toneladas de ópio.
Os números da colheita deste ano ainda não foram divulgados, mas devem cair — não por causa de um combate eficiente contra o tráfico, mas sim em função da seca e de uma peste que infestou a plantação. Conforme Costa, o lucro deverá cair, “mas não enormemente”. A produção do ano passado foi superior à demanda global pelo ópio — o que significa que há milhares de toneladas de ópio estocadas em alguns lugares do Afeganistão, informa a ONU.