IMPERDÍVEL – ‘Um Nazista em Copacabana’ faz rasante pelo país
Novo romance de Ubiratan Muarrek percorre as últimas décadas da história brasileira a partir da chegada de um alemão ao Rio, após a Segunda Guerra Mundial
(Rocco, 352 páginas, 38 reais impresso e 25 reais e-book) “Não havia nada pesado em Otto, no seu comportamento, nem no seu vocabulário. Pelo menos não no dia a dia do Flamengo: Otto – Diana se lembrava nitidamente – era silencioso, discreto, sereno, imperturbável. Não era um pai mudo, chato, podador – quando ele morreu, ela tinha quinze anos, e podia fazer as coisas como queria. Ao contrário: Otto era vivo, alegre, entusiasmado, permissivo e feliz. Tudo isso da maneira dele, é verdade: do seu jeito minucioso, preciso, monossilábico, germânico, do qual Iracema fingia zombar nos momentos de alegria, ou de irritação, mas que no fundo era o próprio chão para ela.” É assim, numa torrente, que o paulista Ubiratan Muarrek descreve Otto Funk, anti-herói (ou herói?) de seu novo romance, Um Nazista em Copacabana, já nas primeiras páginas do livro. Otto Funk é o personagem que se faz presente mesmo ausente. Sentido e lembrado pela mulher, a manauara bebum Iracema, e pela filha, a grávida Diana Verônica, ele tem a sua trajetória narrada desde a sua chegada ao Rio, após a Segunda Guerra Mundial – e, com ela, e sempre no estilo torrencial e fluido, elétrico e enérgico de Muarrek, o leitor acompanha também a história do Brasil nas últimas décadas, com os seus golpes, sobressaltos e subtrações.