Por Daniela Amorim e Mariana Durão
Rio – Uma das lições do pós-crise é que a autoridade monetária deve dispor de um conjunto de instrumentos para evitar consequências negativas de choques financeiros. A opinião é do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, apresentada no discurso de abertura do XIV Seminário Anual de Metas para a Inflação, que acontece nesta quinta-feira no Rio de Janeiro.
“É preciso agir tempestivamente para prevenir ou mitigar consequências negativas dos choques financeiros”, afirmou Tombini. Para ele, a crise levantou um debate saudável sobre a necessidade de coordenação de políticas fiscal, monetária e “prudencial-regulatória”.
“A crise demonstrou que apenas as regras microprudenciais, aplicadas isoladamente, não necessariamente têm alcance sistêmico. E os riscos sistêmicos, quando se concretizam, criam espiral negativa que pode levar instituições ou mesmo o sistema à insolvência, com implicações macroeconômicas desastrosas”, disse o presidente do BC.
Sobre o regime de metas de inflação, Tombini reafirmou sua crença de que continua sendo o melhor arcabouço de política monetária, mas disse que isso não impede que seja aperfeiçoado com as lições aprendidas na crise. Nesse modelo, exemplificou, podem ser incorporadas informações sobre o segmento financeiro, inclusive preços de ativos e política fiscal.
Ele destacou ainda que a crise evidenciou a relação complexa entre a estabilidade de preços e a financeira. “O sucesso na primeira não foi suficiente para garantir a observância da segunda.”
Para Tombini, os debates apontam que a política monetária deve assegurar o controle da inflação e a estabilidade de preços, enquanto as políticas macro e microprudenciais devem ter o objetivo de garantir a estabilidade financeira. “Isso não significa ignorar interconexões dessas políticas. Isso o Banco Central do Brasil reconhece e leva em conta nos distintos processos decisórios.”