SÃO PAULO, 11 Mai (Reuters) – O dólar acompanhava a cena externa por mais uma sessão e era operado com certa volatilidade nesta sexta-feira, ao passo que os investidores seguiam preocupados com a economia da Espanha e com a instabilidade política na Grécia, mas com dados positivos dos Estados Unidos exercendo uma pressão contrária nos mercados.
Às 11h46 (horário de Brasília), a moeda norte-americanacaía 0,10 por cento, a 1,9510 real. Na máxima do dia, a moeda chegou a 1,9653 real e, na mínima, a 1,9479 real.
Em relação a uma cesta de moedas, o dólar tinha variação positiva de 0,03 por cento, enquanto o euroganhava 0,11 por cento.
“Mais uma vez esse movimento é dirigido pelo mercado lá fora, por causa das incertezas na Europa e também com os dados da China, que não foram tão satisfatórios”, afirmou o economista-chefe do BGC Liquidez, Alfredo Barbutti.
Os líderes do partidos políticos que durante décadas dominaram o cenário na Grécia fazem nesta sexta-feira uma última tentativa de formar uma coalizão para evitar a convocação de uma nova eleição, que segundo pesquisas daria a vitória aos radicais de esquerda que rejeitam a ajuda da União Europeia ao país.
Na China, dados divulgados nesta madrugada mostraram que a economia do país vacilou inesperadamente em abril, com dados industriais abaixo do esperado, desaceleração nas vendas no varejo e queda nos preços sugerindo que os ventos contrários à economia podem ser mais fortes do que o imaginado.
Por outro lado, o índice de confiança do consumidor dos Estados Unidos subiu à maxima em mais de quatro anos, para 77,8 ante 76,4 em abril, de acordo com dados preliminares de maio.
Na quinta-feira, o dólar recuou para 1,9521 real após subir mais de 2 por cento nas sessões anteriores, o que estava levando alguns operadores a acreditar que o Banco Central poderia intervir no câmbio, invertendo sua posição e passando a vender dólares no mercado para evitar um repasse da recente valorização da divisa à inflação.
No entanto, a equipe econômica brasileira saiu em peso para minimizar essa alta -que já soma cerca de 15 por cento desde março- e seus possíveis impactos na inflação. Fonte da equipe econômica informou à Reuters que, caso o dólar chegue a 2 reais, não haveria problemas inflacionários.
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, também rejeitou preocupações com a alta do dólar. De acordo com ele, o câmbio vai beneficiar a indústria brasileira à medida que dificulta a entrada de produtos estrangeiros e que a inflação não preocupa.
Para Barbutti, esse posicionamento do governo reforça a ideia de o Banco Central não deve intervir no câmbio por meio de venda de dólares, mesmo se a moeda ultrapassar 2 reais.
“O BC só deve entrar no mercado em caso de saltos muito expressivos, para corrigir liquidez”, disse o economista.
O operador de câmbio da B&T Corretora Marcos Trabbold também não aposta em entradas do BC no mercado. A autoridade monetária vinha realizando leilões de compra de dólares no mercado à vista, impulsionando a alta da moeda em relação ao real. Porém, desde que a divisa ultrapassou a barreira de 1,90 real no fechamento do dia 30 de abril, o BC não atuou mais no mercado.(Reportagem de Natália Cacioli; Edição de Patrícia Duarte)