Máfia dos sanguessugas é condenada a devolver R$ 1 mi
Justiça condena por improbidade administrativa ex-deputado e dirigentes da Santa Casa de Santo Amaro que desviavam emendas parlamentares
Sete pessoas acusadas pelo Ministério Público Federal na chamada “máfia dos sanguessugas” foram condenadas nesta segunda-feira por improbidade administrativa praticada na Santa Casa de Misericórdia de Santo Amaro, na Zona Sul de São Paulo. O esquema de corrupção, descoberto em 2006 pela Polícia Federal, consistiu no desvio de recursos públicos destinados à saúde. Entre os réus estão um ex-deputado federal e sua assessora parlamentar, empresários, funcionários do Ministério da Saúde e dirigentes da Santa Casa. Eles já haviam sido condenados criminalmente.
A decisão foi do juiz Paulo Cezar Duran, da 4ª Vara Federal Cível de São Paulo. De acordo com a Justiça Federal, os réus deverão restituir 1 milhão de reais à Santa Casa de Santo Amaro. Além disso, foram condenados a devolver os bens adquiridos ilicitamente e foram proibidos de exercer os direitos políticos por oito anos. Todos os condenados deverão pagar multa de até duas vezes o valor do dano causado à Santa Casa e perderam suas funções públicas. Os réus podem recorrer.
De acordo com o Ministério Público Federal, os réus montaram um esquema de desvio de verbas de emendas parlamentares direcionadas para a compra de ambulâncias e materiais hospitalares. Primeiro, a entidade firmou um convênio com o Ministério da Saúde apresentando informações falsas sobre sua finalidade e área de atuação. O dinheiro era, então, repartido entre os envolvidos. Os parlamentares que direcionavam as emendas para a Santa Casa recebiam o pagamento de 10% de propina.
Em 2004, a Santa Casa de Santo Amaro havia assinado dois convênios com o Ministério da Saúde. Segundo a procuradoria, as investigações mostraram que cerca de 69% do total transferido, ou seja, cerca de 730.000 reais, foram direcionados para as empresas ligadas à quadrilha. O restante, 309.000 reais, foram para outra empresa que pertence a um parente do então diretor adjunto administrativo da Santa Casa, também réu no processo.
Entre os réus estão o diretor técnico da Santa Casa Santo Amaro Flávio Azenha, o médico e ex-deputado federal Amauri Robledo Gasques e sua assessora parlamentar Edna Gonçalves de Souza Inamine. Também foram condenados o médico Danilo Masiero, o professor do Departamento de Saúde Coletiva da Faculdade de Ciências Médicas da Unicamp Gastão Wagner de Souza Campos e os empresários Ronildo Pereira de Medeiros e Luiz Antônio Trevisan Vedoin.
(Da redação)