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Por Sérgio Rodrigues
Este blog tira dúvidas dos leitores sobre o português falado no Brasil. Atualizado de segunda a sexta, foge do ranço professoral e persegue o equilíbrio entre o tradicional e o novo.
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Por que quem tem milhões é milionário e não ‘milhonário’?

“Caro Sérgio, se a raiz das derivações é o milhão (mil milhares), por que o dono da fortuna é milionário ou bilionário, e não ‘milhonário’ ou ‘bilhonário’? Sempre usei assim porque imaginei a raiz e a derivação, estava tão errado assim? Abraço.” (Luís Roberto Souza) Sim, Luís Roberto, está errado derivar milhonário de “milhão” e […]

Por Sérgio Rodrigues
Atualizado em 31 jul 2020, 02h06 - Publicado em 18 fev 2015, 14h19

tio patinhas

“Caro Sérgio, se a raiz das derivações é o milhão (mil milhares), por que o dono da fortuna é milionário ou bilionário, e não ‘milhonário’ ou ‘bilhonário’? Sempre usei assim porque imaginei a raiz e a derivação, estava tão errado assim? Abraço.” (Luís Roberto Souza)

Sim, Luís Roberto, está errado derivar milhonário de “milhão” e bilhonário de “bilhão”.

Para a formação desses vocábulos, a língua recorreu ao étimo das palavras originais – respectivamente, o italiano milione (provavelmente por meio do francês million) e o francês billion.

Tal recurso ao étimo é característico da formação erudita de vocábulos. Tome-se o exemplo da palavra “leite”, vinda, por via vulgar, do latim clássico lactis. Quando se chama de “lácteo” um produto feito com leite, estamos retomando o étimo por um caminho culto. Esse processo é comum e explica que de milhão se façam termos como “milionário” e “milionésimo”.

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Como curiosidade adicional, vale lembrar que, se o milhão é “milhão” em qualquer lugar em que se fale português, a mesma solidez não tem a grafia dos vocábulos “bilhão”, “trilhão”, “quatrilhão” etc.

Em Portugal, embora os lexicógrafos registrem as duas formas, é mais comum o uso de “bilião”, “trilião”, “quatrilião” (ou “quadrilião”) e assim por diante. Mesmo no Brasil, os dicionários se dividem: o Houaiss registra “bilião” como forma preferencial, à qual o verbete “bilhão” remete; o Aurélio faz o inverso.

Uma vez que o francês billion foi formado a partir de million, e sendo “milhão” uma forma que ninguém discute, acho incompreensível o Houaiss anotar que “tem sido aceita também a grafia bilhão, mas bilião é mais compatível com o étimo e com os derivados eruditos do tipo ‘bilionário’, ‘bilionésimo’”. Como se “milhão” também não fosse graficamente infiel ao étimo e não tivesse “derivados eruditos” como milionário e milionésimo.

No Brasil, escrevemos “bilhão” (e “trilhão” etc.) por paralelismo óbvio e correto com “milhão”, o mesmo paralelismo existente em seu idioma de origem. Está certo que haja outra forma, mas considerá-la superior só faria sentido por um critério lusocêntrico.

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Sobre a questão – que tem relevância matemática bem maior – do sentido ambíguo de “bilhão”, escrevi ano passado aqui.

*

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