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O fascínio do mal: mulheres que amam monstros como Manson

O desafio de decifrar casos como o do líder da seita de assassinos durou quase meio século; mais difícil é entender como ele quase se casou na cadeia

Por Vilma Gryzinski
20 nov 2017, 11h32

No agitadíssimo ano de 1968, o diretor Roman Polanski lançou o filme O Bebê de Rosemary, uma obra de causar arrepios até hoje ao mostrar um culto satânico que atrai um incauto para um pacto que trará o filho do Maligno ao mundo. A atriz que leva o Mal no ventre era Mia Farrow.

Em 1969, quatro seguidores de uma seita minúscula assassinaram a atriz Sharon Tate e mais quatro pessoas que estavam na casa dela. Linda, loira e sexy, ela tinha 26 anos e estava grávida de oito meses. Tinha se casado com Roman Polanski ao estilo da época: vestido branco bem curto e cílios postiços bem compridos.

O líder da seita, logo desbaratada, se tornou um dos criminosos mais infames do mundo sem nunca ter matado ninguém com as próprias mãos. A morte de Charles Manson, aos 83 anos, contrariou suas previsões: ele se julgava imortal.

E aconteceu num estranho momento em que vários personagens indiretamente envolvidos num dos casos mais tenebrosos da história do crime voltaram ao noticiário.

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Polanski por causa do escândalo de abusos sexuais praticados por Harvey Weinstein, o produtor famoso, que escancarou práticas similares no mundo do show business.

Foragido dos Estados Unidos pelo estupro de uma menina de 13 anos, em 1977, o diretor judeu-polonês provavelmente não receberia hoje tantas homenagens com que foi agraciado em Hollywood.

Várias das revelações mais chocantes sobre atrizes atacadas por Weinstein foram feitas por Ronan Farrow, o filho de Mia e de Woody Allen, o pai que ele rejeita como abusador.

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O entrelaçamento entre os personagens envolve poder, fama, várias das mulheres mais lindas do mundo, homens psicopatas e a ojeriza misturada a fascínio que casos extremos assim provocam.

Um fascínio tão extremo que Charles Manson, uma espécie de hippie ao contrário, pregador da guerra e do ódio, atraiu seguidores – e seguidoras – dispostos a praticar os atos mais hediondos.

Uma de suas alucinações era desencadear uma guerra racial, atribuindo o assassinato de famosos como Sharon Tate a militantes negros.

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Condenado à prisão perpétua depois que a pena de morte foi abolida na Califórnia, Charles Manson continuou a exercer o estranho poder de criminosos famosos sobre mulheres que voluntariamente se aproximam desses monstros.

Recebia tantas cartas de admiradoras que precisava fazer uma espécie de seleção. Uma das selecionadas foi Afton Elaine Burton. Ela tinha 17 anos quando se aproximou de Manson. Em 2007, ela se mudou para perto da penitenciária para facilitar as visitas.

Em 2014, entraram com proclamas de casamento. Ele com 80 anos, ela com 26. Na última hora, Manson desistiu. Aparentemente, descobriu que a noiva era mais louca ainda. Planejava ganhar dinheiro com a exibição do corpo dele, depois que morresse.

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Charles Manson, nos planos delirantes dela, ficaria numa urna de cristal, como Lênin ou a Bela Adormecida.

Ou talvez ela estivesse mesmo apaixonada pelo monstro de suástica feita a faca na testa? Sheila Isenberg, autora de um livro sobre mulheres que amam assassinos condenados, diz que todas as que entrevistou sofreram algum tipo de abuso grave. Num relacionamento com um preso, exercem o controle que não tiveram em outras fases de sua vida.

Esta é a explicação lógica, amparada em conhecimentos das ciências do comportamento, na racionalidade, na tentativa tão humana de encontrar explicações.

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Que não são nada fáceis. A lista de criminosos que se casaram na cadeia inclui Ted Bundy, um dos maiores serial killers dos Estados Unidos, assassino de pelo menos 30 mulheres. Também estão nela figuras mais inesperadas.

Yigal Amir, que mudou a história de Israel ao assassinar o primeiro-ministro Yitzhak Rabin, casou-se com uma mulher de origem russa, com doutorado em filosofia, seguidora da linha ortodoxa do judaísmo. Ela se separou do marido, com quem tinha três filhos. Teve outro filho com Amir, depois de uma batalha judicial para conseguir uma visita conjugal.

No caso de Amir, também existe uma explicação lógica: ele é considerado vítima de um complô esquerdista pelos extremistas sionistas que abominavam Rabin.

Mas também existe o fator que nos causa os mesmos arrepios que O Bebê de Rosemary ou o rosto retorcido de Charles Manson. O mal e o fascínio que exerce podem ser inexplicáveis.

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