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Marcos Troyjo: País tem chance de dia de sol perfeito na economia

O país pode realizar um portentoso programa de desestatização. Os bem-vindos influxos de caixa com a venda de ativos são os menores dos benefícios

Por Augusto Nunes Atualizado em 30 jul 2020, 20h46 - Publicado em 26 ago 2017, 23h38

Se você estava buscando motivos para ficar menos desanimado com o Brasil, o anúncio da privatização da Eletrobras pode ser um bom sinal.

Por mais incrível (e imerecido) que venha a parecer, o país, em meio a seus escombros morais, políticos e fiscais, tem uma razoável oportunidade de engatar um ciclo positivo na economia –e na história.

Conhecemos bem sua plena antítese – a “tempestade perfeita” que acomete o país em anos recentes. Para ela concorreram fatores externos, como a retração do preço internacional das matérias-primas e a aumento do protecionismo comercial.No mundo, e dentro do Brasil, correntes de ventos contrários e a favor estão alcançando um equilíbrio interessante. Em lugar da certeza de que tudo está perdido, desponta a chance do país virar o jogo. Caso tenha competência, o Brasil aproveitará conjuntura a que se pode chamar de “dia de sol perfeito”.

Influíram também as projeções de que a normalização das políticas monetárias nas economias mais maduras teria efeitos de estrangulamento de liquidez para emergentes como Brasil. Há exatos três anos, o banco de investimento Morgan Stanley listava o país ao lado de Turquia, Indonésia, África do Sul e Índia como pertencentes ao indesejável grupo dos “Cinco Frágeis”.

No entanto, eram os fatores internos a espalhar o rastro de devastação da tempestade perfeita. O impeachment que inescapavelmente se avizinhava. A impiedosidade da Lava Jato sobre o modelo de economia política vigente. A radioatividade da “nova matriz econômica”. O esgotamento da política de campeãs nacionais e do sacrossanto conteúdo local. O estouro, enfim, das comportas fiscais do estado brasileiro.

Basta olhar o número de desempregados, a retração do PIB ou a falta de ânimo para investir e temos a dimensão do que continua a significar essa traumática tormenta.

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Ainda assim, o momento está propício para a virada da sorte. Se quiser, como demonstram os primeiros lances nessa dinâmica de privatizar a Eletrobras, o país pode realizar no biênio 2018-19 um portentoso programa de desestatização. Nesse movimento, os bem-vindos influxos de caixa com a venda de ativos – grande refresco para o quadro fiscal – são os menores dos benefícios.

Os principais dividendos estarão no aumento da eficiência e na diminuição do papel do estado na economia e na sociedade. Aqui, os ganhos de mudança cultural, de constrangimento da mentalidade estatista, são de igual monta aos de natureza econômica.

Se de fato enveredar pelo rumo da desestatização, o Brasil desencadeará enorme potencial produtivo. E, antes mesmo que isso ocorra nos fundamentos, a formação de expectativas positivas desempenhará grande papel no desanuviar do horizonte econômico brasileiro.

Uma onda desestatizante se agregaria a outros pujantes ventos de cauda. O crescimento do Sudeste Asiático – que dobrará seu peso relativo na economia global nos próximos quinze anos – continuará a deslocar a curva da demanda mundial por alimentos, commodities agrícolas e minerais. São esferas em que o Brasil apresenta vastos diferenciais competitivos.

Do ponto de vista do investimento estrangeiro, seja na modalidade de portfólio, seja na planta produtiva, o tamanho específico do Brasil ainda importa. Sobretudo se considerarmos que há amplos estoques de capital no mundo disponíveis para projetos de infraestrutura – área em que o Brasil representa clara “fronteira móvel”.

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Estão coincidindo também os frutos de uma boa gestão macroeconômica – inflação na meta e juros em queda – com a constatação de que as reformas estruturais moveram-se para o centro do palco. A trabalhista andou e, ainda que sob a tensão inerente às grandes mudanças de paradigmas, o Brasil provavelmente adotará um sequencial de “reformas tributárias” e “reformas previdenciárias” – ambas no plural. É isso ou o caos reformador do mercado.

E, ainda que se busque cotidianamente barrar a Lava Jato, seus efeitos colaterais benéficos no campo do compliance, transparência e melhores relações com investidores se farão sentir crescentemente.

Claro que existe um universo de coisas passiveis de dar errado no (e para o) Brasil nos próximos dezoito meses.

O cenário internacional, por algum evento fragmentário, por exemplo, com epicentro na Península Coreana, escureceria. O reality show trumpiano na Casa Branca pode sempre nos reservar alguma episódio mais dramático, com repercussão geoeconômica.

No plano interno, talvez a matemática fiscal em si venha a precipitar novo corte na nota de classificação de risco brasileiro antes da eleições do ano que vem. Quanto a reformas, o status quo político-fisiológico dispõe de couro grosso. Há muito o que pode desandar. O país conta com abundante coleção de mazelas a alimentar o desalento.

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Ainda assim, não reconhecer que a conjuntura está prestes a oferecer uma baita chance para o Brasil recuperar parte do prejuízo é mais do que ausência de otimismo. Não enxergar que o país pode iluminar-se com um “dia de sol perfeito” é falta de realismo. 

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