Quatro maiores bancos gregos recebem 18 bi de euros
Recursos do Fundo Europeu (FEEF) serão destinados à compensação de perdas causadas pelo processo de troca da dívida do país
Os quatro maiores bancos gregos receberam nesta segunda-feira 18 bilhões de euros do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) para compensar as perdas geradas pelo processo de troca da dívida, disse uma fonte do Fundo grego de Estabilidade Financeira. “Foi dada a ordem para pagar os bancos, o que completa o processo”, disse um responsável, pedindo anonimato.
Segundo ele, o Banco Nacional, o maior credor, recebeu 7,4 bilhões de euros; o Banco Piraeus 4,7 bilhões de euros; o Eurobank, 3,9 bilhões de euros; e o Alpha, 1,9 bilhão de euros.
Esses bancos passaram a precisar urgentemente de recapitalização depois que abriram mão de 107 bilhões de euros em títulos da dívida que estavam em mãos privadas, como parte do acordo para salvar o país.
Ambiente político – Os pagamentos vieram em um dia em que a Bolsa de Atenas fechou em alta de 6,87%. Analistas, no entanto, disseram que o ganho das ações estava provavelmente ligado ao aumento da perspectiva da população, constatada por pesquisas, de que o país finalmente formará um governo de coalizão nas eleições de 17 de junho.
De acordo com as pesquisas gregas, os partidos Nova Democracia e Pasok – que apoiam o programa de resgate do país – devem conquistar 166 das 300 cadeiras no Parlamento, o que possibilitaria a criação de um governo de maioria pró-euro. A notícia reduziu os temores de saída do país da união monetária e aliviou os mercados europeus. “O pagamento é certamente uma notícia positiva, mas ele já era tido como certo pelo mercado e, portanto, já havia sido precificado”, disse uma fonte de mercado.
Pacote bancário – A soma faz parte do pacote de 25 bilhões de euros criado para ajudar os bancos gregos a sobreviver à forte baixa contábil gerada pela troca da dívida soberana grega e é um elemento-chave em um pacote maior de socorro internacional para Atenas, que foi aprovado em março, após perdas de 28 bilhões de euros em operações de reestruturação da dívida do país.
Ao todo, a injeção de capital prevista para os bancos gregos é de 50 bilhões de euros, uma vez somado o segundo plano de ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional (FMI) para o país.
O Banco da Grécia prevê fazer uma nova avaliação das necessidades de capital dos bancos ao final de junho, bem como das quantidades que devem ser entregues, provavelmente em julho. Outros dois bancos gregos em situação difícil, o Banco Agrícola e o Postbank, também se beneficiarão da ajuda do FEEF, segundo uma fonte bancária.
Os fundos liberados nesta segunda-feira foram transferidos do FEEF para o Fundo grego de Estabilidade Financeira – um organismo grego que agora é encarregado de entregar-lhes para os bancos do país.
Como parte do pacote de resgate bancário, a Grécia negociou uma troca enorme de dívida pública detida por credores privados, que incluíram uma baixa contábil de cerca de metade do valor devido. A reestruturação causou grandes perdas aos credores privados, especialmente aos bancos gregos, que detinham muitos dos títulos do governo e que também foram prejudicados por uma queda constante nos depósitos ao longo dos últimos dois anos.
Os bancos privados perderam cerca de 70% do valor de seus balanços com relação a suas detenções de títulos do governo grego. A reestruturação da dívida soberana permitiu o perdão de 107 bilhões de euros em títulos da dívida em mãos de credores privados.
(com Agence France-Presse)