Levy: poder de persuasão rebaixado
Decisão da Fitch de rebaixar a nota de crédito do país acontece um mês após integrantes da agência de risco participarem de reuniões com membros do governo
No fim de setembro, representantes da Fitch vieram a Brasília participar da chamada missão de revisão anual da agência de classificação de risco. Na ocasião, membros da agência se reuniram com integrantes do Ministério da Fazenda, Banco Central (BC) e do Tribunal de Contas da União (TCU). A estratégia da equipe econômica do governo, que inclui o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, foi a de pintar um quadro econômico e fiscal “realista”, mas ao mesmo tempo “confiante”, na tentativa de evitar que a Fitch seguisse o entendimento da Standard and Poor’s (S&P), que no início do mês passado tirou o selo de bom pagador do Brasil. O esforço não foi totalmente bem sucedido — assim como o de março, quando Levy se reuniu com representantes da S&P e da Fitch. Outra tentativa frustrada foi feita em julho, com a Moody’s, que acabou rebaixando um mês depois o rating do país para o último grau dentro da faixa com grau de investimento. Nesta quinta-feira, a Fitch seguiu o exemplo: rebaixou o rating do país de BBB para BBB-, ainda com grau de investimento, mas com perspectiva negativa, o que sinaliza um possível novo downgrade no futuro. Para a decisão da Fitch, pesaram o aumento da carga de endividamento público do Brasil, o crescente desafio de consolidação fiscal e a deterioração econômica. “O difícil ambiente político está afetando o progresso da agenda legislativa do governo e criando reações negativas para a economia mais ampla”, informou a Fitch. Contra este cenário desfavorável, não há argumentos de Levy que consigam mudar os planos das agências de risco. (Luís Lima, de São Paulo)