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Levante contra austeridade acorda fantasma da crise

Bolsas europeias caem forte com retorno das incertezas sobre rumos da Grécia

Por Gustavo Kahil
8 Maio 2012, 15h40

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Não que as coisas tivessem melhorado muito na Europa, mas agora voltaram a piorar. As duas eleições realizadas no continente neste domingo, na Grécia e na França, tiveram o resultado mais adverso possível para os mercados – e para o que é entendida como uma solução para a crise da dívida na União Europeia e a sobrevivência do euro. Pode ser um novo capítulo da novela “Desunião” Europeia.

As principais bolsas da Europa terminaram esta terça-feira em forte queda. Na França, o CAC 40 encerrou em baixa de 3,05%. O DAX 30 da bolsa de Frankfurt recuou 1,9%, enquanto, na Inglaterra, o FTSE 100 caiu 1,7%. Na Espanha, a queda foi de 0,8%. Por fim, na Grécia, o índice da bolsa de Atenas despencou 3,6% e chegou ao menor nível em 20 anos. Por ora, os mercados também caem nos Estados Unidos. No Brasil, o Ibovespa chegou a perder o nível dos 60 mil pontos e opera em queda próxima a 2%.

“Os resultados das eleições europeias soam um alarme para a integração europeia e, consequentemente, o bem-estar tanto da região quanto da economia global. Esperemos que a inevitável volatilidade de curto prazo seja precursora para um esforço mais decisivo para os principais problemas do continente”, ressaltou em um artigo Mohamed El-Erian, CEO da Pimco, maior gestora de títulos públicos do mundo.

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Austeridade – O que está em risco agora e dá calafrios às agências de rating é o uso da austeridade para combater a crise na região. “A lógica dessa política é a de que os cortes aumentam a credibilidade das finanças nacionais, reduzindo os juros de financiamento das dívidas soberanas, e permite a redução dos custos europeus de produção, tornando o continente mais apto a concorrer nos mercados globais”, explica Paulo Silveira, economista da TOV Corretora.

A famosa sintonia da dupla apelidada de “Merkozy”, formada por Angela Merkel, chanceler alemã, e Nicolas Sarkozy, ex-presidente francês, ruiu após domingo. Agora, a principal articuladora da zona do euro terá de lidar com o socialista François Hollande. Sarkozy foiempurrado ao hall dos políticos europeus arrancados do poder pelos efeitos da crise financeira e Hollande já deu pistas sobre o que pensa da solução de austeridade encontrada pela antiga dupla.

Logo em seu primeiro discurso, o novo líder disse que o país não está condenado à austeridade. “O dia 6 de maio marca um novo começo para a Europa”, destacou. “A consolidação fiscal, embora seja necessária, (deve ser) feita de uma maneira favorável ao crescimento e diferenciada, com o objetivo de conquistar um equilíbrio entre a consolidação fiscal necessária e as preocupações de crescimento”, disse Hollande.

Uma reunião com os 27 países membros da UE foi marcada para 23 deste mês com o objetivo de reafirmar o compromisso da responsabilidade fiscal. Merkel, contudo, já adiantou que não vai renegociar o pacto fiscal assinado entre os países da União Europeia “‘porque se for assim não se poderia trabalhar na União Europeia”‘, disse ela após a vitória de Hollande. Ou seja, nada se um novo “pacto pelo crescimento”, como sugere o socialista. Sobre a Grécia, contudo, manter o controle dos ânimos parece bem mais complicado.

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Pior na Grécia – A combalida Grécia vive uma situação ainda mais preocupante. As eleições complicaram a divisão de poderes no Parlamento do país. Os pequenos partidos políticos de oposição conseguiram a maioria das cadeiras, com 151 dos 300 lugares, e a criação de um governo de coalização foi prejudicada. O líder da esquerda, Alexis Tsipras, disse que não vai cooperar com os partidos Nova Democracia e o socialista Pasok (ambos com 149 cadeiras) a menos que eles desistam das promessas feitas para receber o resgate da UE e do FMI.

A declaração de Tsipras ganha importância porque ele é o líder que agora está com o bastão para costurar um acordo para um novo governo. A tarefa não foi cumprida anteriormente pelo Nova Democracia, que conquistou o primeiro lugar nas pesquisas. Caso não atinja o objetivo, a ‘batata quente’ passa às mãos do Pasok, liderado por Evangelos Venizelos e que era o comandante antes das eleições. Caso nenhum obtenha sucesso, os gregos precisarão retornar às urnas em maio.

Apesar de as eleições não terem conseguido eleger um claro vencedor, os votos para os partidos pequenos foram um claro sinal sobre o sentimento do povo grego. Aproximadamente 70% dos votos foram para partidos de anti-austeridade, enquanto uma grande proporção para partidos contra a zona do euro. “O grande perigo é que uma nova rodada de eleições leve a um governo formado com uma maioria que é anti-austeridade”, alerta Azad Zangana, economista para Europa do banco Schroders.

Para os economistas do Citi, há uma grande chance de o país desistir da zona do euro. “Vemos grande potencial para um novo governo grego perder a próxima rodada de metas e um risco crescente de uma saída da Grécia (“Grexit”) do euro dentro dos próximos 12 ou 18 meses, e aumentamos nossa expectativa de que isso ocorra de 50% para entre 50% e 75%”.

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