FT: Lagarde lamenta episódio sobre Brasil e FMI
A dirigente disse ao jornal britânico que lamenta as circunstâncias, mas que está feliz com o fato de o Brasil ter retificado a posição do governo sobre os empréstimos do Fundo à Grécia
A diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, comentou em entrevista coletiva o episódio sobre o desconforto entre o Fundo e o governo brasileiro. “É lamentável que isso tenha acontecido nessas circunstâncias, mas eu estou muito contente com o fato de a posição do Brasil ter sido retificada e esclarecida”, disse Lagarde, segundo o jornal britânico Financial Times.
O governo brasileiro ficou em uma situação embaraçosa depois que o representante do país no FMI, Paulo Nogueira Batista, se absteve na votação realizada nesta semana que determinaria a aprovação de um novo aporte financeiro à Grécia. Batista fez ainda comentários sobre a possibilidade de calote grego.
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O ministro da Fazenda, Guido Mantega, ligou pessoalmente na quinta-feira para Lagarde, dizendo que o Brasil apoia a aprovação do empréstimo à Grécia. Durante entrevista coletiva para anunciar mudanças na alíquota de importação para a indústria, o ministro disse que Batista continuará no cargo, mas foi chamado a Brasília para dar explicações. “Ele não tinha nos consultado a esse respeito. Hoje falei com a diretora Christine Lagarde e disse que a posição do Brasil é que se libere, sim, o recurso para a Grécia”, disse o ministro.
A diretora-gerente do FMI disse que a conversa com Mantega foi “bastante longa e amigável”. “Ele disse a mim que o Brasil está de completo acordo com o apoio à Grécia”, disse Lagarde.
De acordo com o FT, a dirigente disse ainda que a Grécia fez “esforços significativos para cumprir com seus compromissos do programa (de resgate)” e que os resultados foram alcançados.
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Críticas – Contudo, o jornal britânico indica que a declaração de Mantega foi recebida com alguma descrença entre os consultores políticos no Brasil, uma vez que o ministro da Fazenda “tem sido um dos porta-vozes mais críticos ao FMI”.
O jornal citou ainda a liderança de Mantega para a criação de um banco de desenvolvimento – que rivalizaria com o FMI – que está sendo criado pelos Brics (grupo de emergentes formado por Brasil, Rússia, China e África do Sul). “Mantega tem frequentemente se queixado sobre os danos das medidas de estímulo dos EUA para as economias emergentes”, lembrou o FT.