Kia e Hyundai fazem propaganda enganosa e ações caem
Empresas afirmavam que os modelos vendidos no país gastavam menos combustível do que ficou demonstrado por cálculos do governo americano
A agência de proteção ambiental dos Estados Unidos (EPA, na sigla em inglês) descobriu que as montadoras coreanas Kia e Hyundai exageraram nos anúncios de quilometragem por litro de combustível de treze veículos Kia e Hyundai entre 2011 e 2013. Segundo a EPA, as empresas prometeram mais economia que seus motores poderiam cumprir. As montadoras reconheceram o erro e publicaram um pedido de desculpas de página inteira nos principais jornais americanos. Contudo, o pedido não serviu para dissipar as preocupações dos investidores e as ações de ambas as empresas recuaram 7% nesta segunda-feira na bolsa de Seul. Somente a Hyundai sozinha perdeu 3,1 bilhões de dólares em valor de mercado.
Leia também:
‘Tudo que fizemos no Brasil foi jogado no lixo’, diz presidente da Kia
As montadoras afirmaram que os erros ocorreram em função de diferenças em seus testes de quilometragem comparados com os métodos de avaliações da EPA. Disseram ainda que reembolsarão os proprietários dos veículos afetados por custos adicionais com combustível. As etiquetas de consumo da maioria dos veículos serão agora reduzidas em uma ou duas milhas por galão, sendo que o maior ajuste será de seis milhas por galão na estrada para o Kia Soul, disse a EPA.
As montadoras da Coreia do Sul promoveram, em recentes campanhas de marketing, uma ampla eficiência no consumo de combustível, que não se mostrou verdadeira. Em comunicado, a Hyundai disse nesta segunda que seus erros só afetaram veículos vendidos na América do Norte. A avaliação da EPA foi disparada por queixas de consumidores.
Ações – As preocupações dos investidores envolvem temores sobre o custo de compensação de clientes de mais de 1 milhão de veículos afetados, bem como potenciais processos coletivos nos EUA e reclamações semelhantes em outros países.
Para alguns analistas, as notícias são terríveis. “Isso pode representar um fator de mudança na história de sucesso da Hyundai”, disse James Yoon, analista do BNP Paribas, em relatório. “Acreditamos que a potencial perda financeira é imaterial se comparada à possível perda para a reputação da marca.” Outros citaram que, diferente de grandes recalls que afetaram as rivais Toyota e Ford, Hyundai e a afiliada Kia foram rápidas em admitir seus erros e em anunciar planos de compensação.
“Aquelas eram questões mais sérias, relacionadas à segurança. Assim, o impacto sobre o valor da marca e nas vendas nos EUA pode ser menor do que o sofrido pelos concorrentes”, disse o analista Ethan Kim, do Citi, em relatório divulgado nesta segunda-feira.
(com Reuters)