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Investimentos no pré-sal dependem do caixa futuro da Petrobras

Analistas ouvidos pelo site de VEJA veem melhora na produção de óleo, mas alertam para a atuação do governo, que impede reajustes dos combustíveis que aliviariam o caixa da companhia

Por Talita Fernandes
26 out 2013, 09h22

Para que a Petrobras consiga fazer os investimentos necessários no campo de Libra, o primeiro campo do pré-sal licitado sob o regime de partilha, é necessário garantir uma geração positiva de caixa no futuro. Analistas ouvidos pelo site de VEJA veem uma melhora na produção da estatal, o que pode ajudar a aumentar sua receita, mas fazem um alerta: é preciso acabar com a defasagem entre o preço dos combustíveis importados e dos vendidos no país. A empresa sabe disso. O reajuste da gasolina é uma demanda da estatal não atendida pelo governo, que teme o impacto inflacionário do aumento.

O plano de investimentos da estatal é ambicioso – e seu horizonte depende do cumprimento deste plano de negócios. Ao todo, serão 237 bilhões nos próximos cinco anos para elevar a exploração e a produção de óleo. Segundo o governo brasileiro, serão necessários mais de 100 bilhões de dólares em investimentos para que o campo seja desenvolvido.

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Apenas com o campo Libra, o investimento é estimado em 100 bilhões de dólares, de acordo com o governo brasileiro. Os custos começam pelo pagamento dos bônus de assinatura do contrato aos cofres da União, que será efetuado ainda este ano. No caso da Petrobras, é necessário o desembolso de 6 bilhões de reais, o que equivale aos 40% de participação da estatal no consórcio vencedor do leilão. A arrecadação total do governo com o bônus será de 15 bilhões de reais, divididos proporcionalmente entre as demais sócias do consórcio vencedor: as chinesas CNOOC e CNPC, com 10% de participação cada, a francesa Total, com 20%, e a anglo-holandesa Shell, com 20%.

Perspectivas – Logo depois do leilão, o mercado passou a se preocupar com a origem do dinheiro necessário para cumprir os compromissos. Isso porque a estatal vem enfrentando dificuldades para geração de caixa, prejudicada, sobretudo, com o não reajuste dos combustíveis. De acordo com levantamento feito pelo Centro Brasileiro de Infra Estrutura (CBIE), o adiamento do reajuste fez a estatal perder 14,1 bilhões de reais no acumulado do ano até agosto. O valor perdido seria suficiente para pagar duas vezes o bônus – e ainda sobrariam recursos.

Para tranquilizar o mercado, a presidente da Petrobras, Graça Foster, repetiu nesta semana que a companhia tem o dinheiro suficiente em caixa e que os investimentos futuros estão garantidos, já que a parte mais intensa dos aportes deve acontecer por volta de 2017. Segundo Graça, até lá a estatal terá elevado em 750 mil barris a produção diária de petróleo.

Para os analistas da Ativa Corretora, apesar de o cenário ser de melhora na produção, a estatal precisa solucionar o problema da defasagem dos combustíveis, já que a demanda por diesel e gasolina continua elevada, fazendo com que os preços continuem subindo. A corretora não acredita que a companhia consiga cumprir todos os investimentos apenas com o que tiver em caixa, e aposta em um novo endividamento para garantir os aportes.

Novas dívidas podem ter consequências ruins para a estatal. No dia em que completava sessenta anos, no início de outubro, ela teve sua nota de crédito (rating) reduzida pela agência de classificação de risco Moody’s, passando de A3 para Baa1. Na ocasião, a agência apontou a alta alavancagem da Petrobras e a perspectiva de geração negativa de caixa nos próximos anos.

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Para o analista Pedro Galdi, da SLW Corretora, o cenário é positivo e a estatal deve conseguir elevar seu caixa a partir do ano que vem, com o aumento de produção em novas plataformas. Ele alerta, no entanto, que o sucesso da estatal depende também da “benevolência” do governo, mencionando a necessidade de reajuste dos combustíveis e a resolução de problemas com duas refinarias paradas, a de Pasadena (EUA) e a da Argentina.

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