Veto de Dilma sinaliza mudança na política fiscal
Presidente rejeita mudança da Lei de Responsabilidade Fiscal que seu próprio governo propôs, em 2013. Decisão é atribuída à interferência do futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy
O veto da presidente Dilma Rousseff (PT) a um artigo que pretendia alterar a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) foi interpretado por analistas com um sinal de mudança na condução da atual política fiscal. Em 2013, Dilma propôs ao Congresso desobrigar a União a compensar, com aumento de outros impostos, as desonerações tributárias que implicassem em renúncia de receita. Mas ao sancionar a lei, nesta quinta-feira, a presidente rejeitou integralmente a medida que o seu próprio governo propôs. Conforme técnicos do governo, ouvidos pelo jornal O Globo, o veto já seria uma interferência do futuro ministro da Fazenda, Joaquim Levy.
Para explicar o veto, a presidente usou o argumento de que as alterações propostas na época foram feitas em “um momento de expansão da arrecadação”. Portanto, o veto justifica-se pela “alteração da conjuntura econômica”.
Leia mais:
Governo tem pior resultado fiscal para outubro desde 2002
Governo central tem rombo recorde de R$ 20,4 bi em setembro
Setor público tem déficit fiscal recorde em setembro, de R$ 25,5 bilhões
A proposta de alteração da LRF foi feita em um momento em que o governo realizou uma agenda agressiva de desonerações. Neste contexto, o artigo em questão da LRF era um obstáculo a essa estratégia, já que previa que a concessão de incentivos fiscais deveria ser compensada pelo aumento de alíquotas tributárias.
Segundo o secretário do Tesouro Nacional, Arno Augustin, a mudança foi proposta em um contexto diferente. “O processo de desoneração foi feito corretamente, mas não é o caso de prosseguir com a mesma intensidade”, disse.