Falta de técnicos em aeroportos é questão de saúde pública
Na Vigiagro de Manaus, quatro agentes inspecionam 58 mil toneladas de carga aérea por ano
A escassez de funcionários da Vigilância Agropecuária (Vigiagro) e da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) nos aeroportos ajuda a configurar um cenário muito próximo do caos. A agência reguladora fiscaliza as aeronaves provenientes de países com focos de doença ou epidemias. Já a Vigiagro é responsável pela defesa da pecuária e da agricultura brasileira, inspecionando aviões para conter a entrada de vírus que possam prejudicar as colheitas – alimentos contaminados, aliás, podem afetar também humanos e serem mortais, como se vê hoje com o surto da bactéria E.coli na Europa. Enfim, a deficiência na prestação destes serviços acaba por expor a população ao risco de importar do exterior graves enfermidades e outros problemas sanitários.
O aeroporto de Guarulhos, que em 2010 acumulou 227.000 toneladas de carga internacional transportada, possui não mais que 31 agentes da Vigiagro e 22 fiscais da Anvisa – o que significa um total de 7.000 toneladas por agente ou 12,5 mil toneladas por fiscal. “Se pensarmos no movimento de estrangeiros que haverá durante a Copa, a situação torna-se ainda mais grave. Não há como controlar a entrada de vírus e bactérias”, afirma um especialista da Anac ouvido pelo site de VEJA.
Na Amazônia, importante centro de biopirataria – contrabando de diversas formas de vida animal e vegetal -, a realidade aeroportuária não é melhor. Para as 58.000 toneladas de cargas transportadas para o exterior em 2010 no aeroporto de Manaus, havia quatro agentes da Vigiagro para fazer a inspeção. “Estamos tentando brigar para conseguir mais cinco, mas está difícil”, afirmou um funcionário do órgão que não quis se identificar. Na Polícia Federal, são apenas oito agentes que se revezam em turnos de dois a cada 24 horas.