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Cresce participação de importações e exportações na indústria

Percentual de produtos estrangeiros no mercado doméstico é de 19,8%, mesmo valor da proporção das exportações na produção fabril brasileira

Por Da Redação
19 mar 2012, 17h54

Enquanto o governo brasileiro flerta com o protecionismo, a indústria nacional se internacionaliza cada vez mais. Tanto a participação dos importados no consumo de produtos industrializados no Brasil, como o uso de insumos de outros países na produção industrial doméstica cresceram acima de dois dígitos no ano passado em relação a 2010. Expansão semelhante foi apurada ainda na importância das exportações para o setor industrial.

Praticamente um em cada cinco produtos industriais vendidos no Brasil em 2011 foi fabricado em outro país e mais de um quinto dos insumos utilizados na indústria nacional são importados, aponta levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) divulgado nesta segunda-feira.

O porcentual de industrializados de outros países alcançou nível recorde de 19,8% no mercado brasileiro em 2011, com crescimento de 11,8% em relação aos 17,8% registrados em 2010. Já a participação de insumos importados na indústria subiu 13,6% no ano passado ante 2010, de 19,1% para 21,7%.

Os números, apesar de, à primeira vista, servirem de argumento para o clamor de alguns segmentos por barreiras e salvaguardas, revelam uma economia que lentamente ganha competitividade. Em resumo, os importados que oferecerem concorrência direta na economia, forçando os produtores nacionais a baixarem preços e melhorarem os produtos, são os mesmos que auxiliam os industriais a reduzirem custos.

Adicionalmente, se parte da indústria vê dificuldades crescentes para colocar produtos no exterior, outra parcela parece não ter do que reclamar. A participação das exportações na produção industrial brasileira aumentou 11,2% de 2010 para 2011, de 17,8% para 19,8%. A despeito do avanço, o coeficiente de exportação segue abaixo do recorde de 22,9% alcançado em 2004.

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Falta de competitividade – Para o gerente executivo de política econômica CNI, Flávio Castelo Branco, os números mostram que a economia brasileira aumentou seu grau de internacionalização. “O aumento de produtos estrangeiros no mercado brasileiro sem dúvida nenhuma tem aspectos positivos, mas o alerta fica por parte das importações dos produtos e dos insumos”.

“O acesso a importações, seja pelo lado do consumo ou dos insumos, aumenta a competitividade”, diz o economista. Segundo Castelo Branco, é preciso sanar as deficiências internas para que o produtor nacional consiga competir em igual patamar que os estrangeiros. “Produzir no Brasil é caro hoje por conta dos encargos salariais, da logística, da carga tributária, da burocracia etc. Os custos incharam e o câmbio exacerba isso”. Ele aponta como saída para a indústria o aumento de qualificação e inovação. “Precisamos completar nosso ciclo de industrialização. Não é porque somos ricos em recursos naturais que temos de deixar a indústria de lado”.

Setores – Entre os setores que aumentaram o peso da exportação em sua produção, os destaques foram a metalurgia, que saltou 29,6% – saindo de 23,3% em 2010 para 30,2% em 2011 -; máquinas e equipamentos, que teve alta de 22,8% – de 16,2% para 19,9% – e têxteis, que avançou 37,3% – de 9,9% para 13,6%.

Em termos de penetração das importações no mercado doméstico, os que observaram maior crescimento foram os setores de derivados de petróleo e combustíveis, com alta de 30,9% entre 2010 e 2011, de 17,8% para 23,3%; informática, eletrônicos e ópticos, que registrou crescimento de 12,3%, de 45,4% para 51%; e máquinas e equipamentos, com acréscimo de 13,2%, de 32,5% para 36,8%. Os números, além de revelarem o gargalo na capacidade de refino por parte da Petrobras, sinalizam que o país tem investido em sua capacidade produtiva, pois o uso intensivo dos equipamentos tende a provocar ganhos de eficiência na economia.

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Protecionismo – Apesar de ter avançado em suas relações com o exterior, o país ainda pode ser considerado protecionista. Pesquisa da Global Trade Alert (GTA), divulgada na semana passada, colocava o Brasil entre os 10 países mais protecionistas do mundo por ter anunciado 84 medidas de proteção desde novembro de 2008. A Argentina é a primeira colocada do ranking.

Para o gerente executivo de política econômica da CNI, as medidas protecionistas que têm sido adotadas pelo governo são emergenciais. “Quando tem uma hemorragia, você não discute o que fazer. Tem de estancar a hemorragia”, diz. “Depois é que a gente vai estudar os motivos”. Castelo Branco fala que a saída para a indústria brasileira está no longo prazo. “Precisamos ter mudanças estruturais. As medidas de curto prazo são importantes, mas não suficientes”.

(com Agência Estado e Reuters)

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