Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

BNDES não deve compactuar com uma fraude, diz Naouri

Em entrevista ao site de VEJA, o presidente mundial do Casino, Jean-Charles Naouri, reafirma que a proposta de fusão de Abílio Diniz é ilegal

Por Beatriz Ferrari
6 jul 2011, 17h43

Segundo Naouri, o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, reforçou seu compromisso de que não vai se meter em um negócio que não seja aceito por todas as partes envolvidas

Indignado com o envolvimento de seu sócio, Abílio Diniz, em uma proposta de fusão de sua controlada no país (o Pão de Açúcar) com a divisão brasileira do Carrefour, o francês Jean-Charles Naouri, presidente do Casino, veio ao Rio de Janeiro demonstrar sua insatisfação ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Em entrevista, por e-mail, ao site de VEJA, o executivo afirmou que pediu que o BNDES “não comprometa sua credibilidade ao compactuar com uma fraude e uma expropriação”.

O braço de participações do banco, o BNDESPar, faria um aporte de 1,9 bilhão de euros para abençoar a fusão. Naouri relatou que ouviu do presidente do BNDES, Luciano Coutinho, o reforço de seu compromisso já previamente comunicado à imprensa: de que não vai se meter em um negócio que não seja aceito por todas as partes envolvidas.

O Casino continua considerando que as conversas entre Abílio e o Carrefour são ilegais. “Contradiz a seção 2.1.1 do acordo que diz que nenhum acionista por agir de forma que o resultado seja a mudança de controle”, defende o presidente do grupo varejista francês.

Na reunião com o presidente do BNDES, o senhor reiterou sua posição contrária à operação?

Fiz um pedido bem simples: o cumprimento das normas legais conforme o acordo de acionistas, e em respeito e sob a proteção da lei brasileira. Fui muito bem recebido pelo presidente do BNDES e quero agradecê-lo por este encontro. Eu pedi que a entidade pública que ele dirige não comprometa sua credibilidade ao compactuar com uma fraude e uma expropriação – e assim reforce a lei brasileira com a proteção do direito do proprietário e a aplicação dos acordos contratuais. Por fim, o BNDES reafirmou ao Casino o compromisso que divulgou em seu último comunicado à imprensa.

Por que veio ao país se encontrar com o BNDES se a sua posição já era amplamente conhecida?

Eu vim ao Brasil para mostrar meu comprometimento com o país e com a Companhia Brasileira de Distribuição (CBD) [razão social do Pão de Açúcar]. Quero deixar claro que o Casino permanecerá comprometido com o país e com o Pão de Açúcar. O grupo continuará apoiando a estratégia da companhia de se manter na liderança e na posição de varejista favorito no Brasil.

Quais serão seus próximos passos?

O conselho da Wilkes [holding pela qual a família Diniz e o grupo Casino dividem o comando do Pão de Açúcar] é o único lugar onde discussões desse tipo podem tomar corpo. Isso, além de ser de conhecimento público, é absolutamente incontestável. Tenho reiterado este ponto em todos meus pronunciamentos. Mandei uma carta ao Abílio requisitando-o a pedir uma reunião do conselho. É muito importante lembrar que isso é um problema dos acionistas e que a composição acionária do Grupo Pão de Açúcar (GPA) segue inalterada. A companhia tem um plano de negócios sólido, que foi aprovado pelos acionistas e está sendo implementado com sucesso. Fomos nós que introduzimos o modelo de lojas menores do GPA, que é o melhor formato para mercados maduros e cidades com trânsito pesado. E fomos nós que definimos uma estratégia para o grupo diversificar os hipermercados, especialmente para pequenos formatos.

O empresário Abílio Diniz e o Carrefour argumentam que, de acordo com o pacto de acionistas, ambos têm agido dentro da legalidade. Com base em que cláusula exatamente o Casino considera a atuação dele ilegal? Há possibilidade de dupla interpretação?

Os acordos são muito sólidos e públicos. O Casino adquiriu o controle da CBD em 2005 e pretende exercê-lo em 2012. A negociação secreta de Abílio foi uma ação ilegal. Naturalmente, isso não está de acordo com as boas práticas e a ética dos negócios. Contradiz especificamente a seção 2.1.1 do acordo que diz que nenhum acionista pode agir de forma que o resultado seja a mudança de controle. Isso também é contrário ao Código Civil Brasileiro, que diz que deve-se agir de boa fé, o que foi infringido por essa negociação bilateral com o Carrefour.

Pode haver novo pedido de arbitragem?

Não comentarei isso.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.