BC do Japão mantém política e vê divergência sobre meta de inflação
O órgão manteve os estímulos monetários anunciados em abril visando reaquecer a economia do país
O presidente do banco central do Japão, Haruhiko Kuroda, enfrentou a maior divergência desde que embarcou em sua campanha de estímulo agressivo em abril, com três membros do Conselho divergindo quanto à perspectiva otimista do banco para atingir sua meta de inflação de 2%. Em seu relatório semestral de perspectiva, divulgado nesta quinta-feira, o BC japonês revisou para cima sua estimativa de crescimento econômico para o próximo ano fiscal e projetou que o Japão fará progresso regular em direção à meta de inflação de 2% do banco em dois anos.
Mas dois dos nove membros do Conselho – Takahide Kiuchi e Takehiro Sato – repetiram sua divergência, feita em abril, contra o cronograma de dois anos para alcançar a meta de preço, indo na direção das visões amplamente mantidas pelo mercado de que o Japão precisará de muito mais tempo para ver os preços subindo para 2%. Outro membro do Conselho, o ex-economista do Fundo Monetário Internacional (FMI) Sayuri Shirai, juntou-se aos dissidentes no pedido de mais ênfase nos riscos para a perspectiva econômica, destacando um conflito entre aqueles que são otimistas quanto à perspectiva e os que têm mais cautela.
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Embora a discordância possa não levar imediatamente a uma mudança na estrutura da atual política do banco central, pessimistas podem estar mais dispostos a ampliar o estímulo monetário se a economia enfrentar problemas, dizem alguns analistas. Mais cedo nesta quinta-feira, em decisão amplamente esperada, o BC japonês manteve seu intenso estímulo monetário anunciado em abril, sob o qual o banco visa a duplicar a base monetária através de compras de ativos para ajudar a reflacionar a economia.
O banco central do Japão revisou para cima a projeção de crescimento econômico para o ano fiscal de 2014 para 1,5%, ante 1,3%, refletindo o impulso esperado de um pacote de 5 trilhões de ienes (51 bilhões de dólares) elaborado pelo primeiro-ministro, Shinzo Abe, para aliviar o impacto da planejada alta do imposto sobre vendas. O banco manteve a previsão para o ano fiscal de 2015 em 1,5%.
O BC também manteve suas estimativas de inflação ao consumidor nos anos fiscais de 2014 e 2015 em 1,3% e 1,9%, respectivamente, excluindo o aumento no imposto sobre vendas, sinalizando que o Japão está no caminho para cumprir sua meta de preço.
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(com agência Reuters)