Bancos incluem água em análise de crédito de empresas
Com escassez de chuvas, instituições financeiras passaram a avaliar previsão do tempo e oferta de água antes de liberarem empréstimos para setor industrial
Em meio à escassez de chuvas e à crise de abastecimento, departamentos de análise de risco de instituições financeiras como Itaú BBA, Votorantin, ABC Brasil e Indusval passaram a considerar previsões meteorológicas e oferta de água antes de liberaram empréstimos para o setor industrial. “Como não tínhamos escassez de água, a seca era tratada antes só como um risco climático que podia afetar o agronegócio. Agora, a preocupação chega na manufatura”, disse o diretor de crédito do Banco Indusval & Partners, Cláudio Cusin, em entrevista ao jornal Valor Econômico.
De acordo com instituições financeiras, a previsão do tempo determinará a quantidade de recursos liberados e a taxa de juros dos empréstimos e financiamentos bancários. Elas acreditam que chuvas fracas nos próximos meses podem elevar o risco de calotes, já que as empresas podem ser prejudicadas pela falta de água e pelo aumento do custo de produção. Bastante dependentes de água, as indústrias sucroalcooleiras, têxteis, químicas, farmacêuticas e de papel e celulose são as mais ameaçadas.
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“Se as chuvas nos próximos seis meses repetirem o padrão observado em qualquer um dos últimos três anos, os reservatórios chegarão ao fim do período chuvoso em níveis ainda mãos baixos do que em abril de 2014, o que deve exigir algum tipo de racionamento”, afirmou o diretor de crédito do Itaú BBA, João Carlos de Gênova. O banco privado começou a incluir a água em suas análises de créditos no fim de 2012, quando as termelétricas foram acionadas para suprir a queda no nível dos reservatórios.