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Acordo de Bali pode afetar setor agrícola

Diretrizes de liberdade comercial podem trazer dificuldades para exportadores brasileiros, que concorrerão com importantes produtores agrícolas

Por Da Redação
10 dez 2013, 11h17

Festejado pelo governo de Dilma Rousseff e pelo setor industrial, o Acordo de Bali trouxe ainda ao país a esperança de retomada da Rodada Doha, suspensa há mais de cinco anos, mas deixou um amargo resultado para o setor agrícola brasileiro. Isso porque permite que fortes importadores de alimentos, como a Índia e a China, desovem no mercado internacional parte de seus estoques produzidos por pequenos agricultores e com preços subsidiados. O Acordo de Bali prevê que todos os 159 membros da Organização Mundial do Comércio (OMC) adotem as mesmas regras para derrubar barreiras burocráticas e facilitar as trocas de bens nos próximos anos.

A presidente Dilma afirmou, via Twitter, que os resultados de Bali são “amplamente positivos”. “(O acordo de) Bali determinou um programa de trabalho para a retomada das negociações dos temas da Rodada Doha de nosso interesse, como a agricultura. As saídas dos impasses globais estão em acordos multilaterais, onde todos têm voz, e não na imposição dos mais fortes sobre os mais fracos”, afirmou.

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O Acordo de Bali restringiu-se a poucos temas. Os menos controversos foram a facilitação do comércio e algumas questões agrícolas. O primeiro foi considerado adequado, mas o segundo gerou atritos internos na OMC.

De acordo com o secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento (MDIC), Daniel Godinho, o Brasil tem condições de adotar de forma imediata 80% do acordo de facilitação de comércio. “Isso demonstra o quanto já estamos avançados e trabalhando nessa direção.” O desenho do acordo, entretanto, partiu dos Estados Unidos. Esse era um dos temas que o governo brasileiro, durante a Rodada Doha, se mostrava avesso por significar a derrubada de travas às importações e consequente aumento da concorrência aos produtos nacionais.

A posição mudou com a eleição do embaixador brasileiro Roberto Azevêdo como diretor-geral da OMC e, em especial, com a iniciativa do próprio governo Dilma Rousseff de construir um portal na internet – chamado de Janela Única – para processamento mais ágil e sem burocracia de pedidos de autorizações para embarques e desembarques de bens. Em vez de enviar a papelada a até 17 órgãos federais anuentes do comércio exterior, os operadores entrarão com um único pedido. Os entes federais tratarão de dar seus avais.

O portal deverá ser avaliado internamente pelo governo ainda neste mês. A Secretaria da Receita Federal planeja lançá-lo no primeiro semestre de 2014. O Fisco está desenvolvendo também um aplicativo para tablets e telefones celulares por meio dos quais os importadores e os exportadores poderão acompanhar todo o processo de venda e compra externa de mercadorias. Com o Acordo de Bali, o Brasil não terá de adotar unilateralmente essas e outras medidas de simplificação e de desburocratização do comércio exterior, que em boa medida funcionam como barreiras adicionais às importações.

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Lado bom – A despeito do risco que os produtos indianos e chineses possam trazer às exportações brasileiras de grãos, os exportadores brasileiros ganharão duplamente com o acordo: com a derrubada desses obstáculos em mercados potenciais e com a redução de custos para realizar suas vendas externas. “Passamos a ver esse acordo como algo bastante positivo para o Brasil”, reconheceu Godinho. “O ganho marginal será maior nos países em desenvolvimento”, completou, ao enfatizar ser esse o mercado de 58% das exportações brasileiras.

Segundo Carlos Eduardo Abijaodi, diretor de Desenvolvimento Industrial da CNI, mais de 100 dispositivos terão de ser adotados pelos membros da OMC para cumprir o acordo. Alguns já são aplicados pelo Brasil, mas outros favorecerão especialmente aos industriais brasileiros que dependem da compra de insumos no exterior. Entre eles, o fim de multas abusivas por atraso na retirada de carga nos portos e aeroportos e a redução de taxas no processo de importação. Colaboraram Laís Alegretti e Anna Carolina Papp.

(com Estadão Conteúdo)

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