YPF pede investimento a Petrobras e propõe negócios conjuntos
Ministro do Planejamento argentino, Julio de Vido, pediu à estatal brasileira que aumente o volume de recursos investido no mercado de hidrocarbonetos do país vizinho
O ministro do Planejamento argentino, Julio de Vido, pediu nesta sexta-feira ao Brasil que aumente os investimentos no setor petrolífero e propôs que a Petrobras e YPF avancem em negócios conjuntos na América Latina. “Temos o desafio de avançar em negócios conjuntos tanto na Argentina quanto na região’, declarou De Vido em entrevista coletiva junto ao ministro de Minas e Energia brasileiro, Edison Lobão.
“Hoje a Argentina está recriando a presença do Estado na YPF e decidiu tomar como ‘modelo’ a Petrobras, uma empresa com a qual aspira desenvolver acordos de cooperação no âmbito argentino, mas também no espaço regional”, disse o ministro argentino.
Em um tom claramente político, De Vido citou os ex-presidentes da Argentina, Néstor Kirchner, e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, assim como o governante venezuelano, Hugo Chávez, entre os que “espalharam a semente” da União de Nações Sul-americanas (Unasul) e de um novo modelo de integração latino-americano. Essa “nova integração”, como ressaltou De Vido, coloca a região em uma ‘etapa diferente’ e em um novo tipo de cooperação, que, no caso da Petrobras e da YPF, representa ‘o desafio de fazer negócios juntos’.
Ele garantiu que as relações entre a Argentina e o Brasil são ‘muito fortes’ e que serão ainda mais, nos moldes dessas ‘novas cooperações’ que surgem após a nacionalização da YPF. Lobão confirmou que De Vido pediu expressamente que a Petrobras aumente os investimentos no mercado de hidrocarbonetos argentino. Para este ano, a estatal brasileira prevê investir 500 milhões de dólares no país vizinho – a mesma quantia do ano passado.
Lobão assegurou também que tanto a empresa quanto o próprio governo brasileiro estão dispostos a fazer ‘todos os esforços necessários’ para atender ao pedido argentino. Na reunião com De Vido também participou a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster. O ministro brasileiro esclareceu, no entanto, que a capacidade de investimento da Petrobras é ‘limitada’, pois tem fortes compromissos na prospecção e exploração de novos campos no Brasil, especialmente na região do chamado pré-sal.
Substitutos – De acordo com De Vido, a participação da Petrobras no mercado de combustíveis da Argentina é atualmente de 8%, mas pode chegar a 15% no curto prazo com reforço de investimentos. O ministro argentino – que foi designado interventor da YPF – negou de forma taxativa que o pedido de novos investimentos ao Brasil tenha o objetivo de cobrir o vazio deixado pela empresa espanhola. “A Petrobras não substituirá ninguém”, afirmou.
Ele admitiu, porém, que tem mantido conversas com outras grandes empresas petrolíferas do mundo a fim de que reforcem os investimentos no país. Nesse sentido, precisou que se reuniu, nesta quinta-feira, com diretores da empresa francesa Total e apontou que, na próxima semana, fará o mesmo com representantes das americanas Chevron e Exxon.
De Vido afirmou que, desde que foi designado interventor da YPF, não teve ‘contato algum’ com representantes da empresa chinesa Sinopec. Fontes do mercado apontam que a companhia tem a intenção de ocupar o espaço aberto com a saída da Repsol.
Renegociação – De Vido também afirmou que o conflito da Petrobras com as autoridades da província argentina de Neuquén, que cancelaram uma concessão da empresa brasileira, está sendo negociado e em vias de ser solucionado. “Há uma pequena diferença que está em vias de ser resolvida”, declarou o ministro argentino, que especificou que a decisão final depende das autoridades provinciais, que são ‘autônomas’.
(com agência EFE)